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terça-feira, 3 de setembro de 2013

O Ibson merece uma trégua


O sentimento de perda persegue o ser humano desde o início dos tempos. Pior do que isso, e talvez mais frustrante, só mesmo a eterna necessidade de comparação.

Sempre foi assim, e sempre vai ser. Se você termina um relacionamento, assim que engatar um novo, vai comparar a atual com a ex. Se perder um emprego, quando arrumar um novo serviço vai comparar as condições de trabalho de ambos. Se o seu animal de estimação morrer, quando ganhar (ou comprar) um novo, vai comparar todos os trejeitos e manias do animalzinho com as do que se foi.

O esporte não deixaria de ser vítima desses sentimentos. E já tivemos vários exemplos disso. Vou citar só dois.

A morte de Ayrton Senna colocou nas costas de Rubinho um peso muito grande, grande demais para ele suportar: o de ser o novo herói brasileiro na Fórmula 1. A expectativa virou cobrança, que virou pressão, que virou rejeição quando viu-se o óbvio: Senna era insubstituível. E não importaria o quão bom Rubinho fosse: não seria bom o bastante.

No tênis, estamos presenciando esse processo ocorrer: desde que Gustavo Kuerten saiu de cena, vários foram os "sucessores" especulados, e todos sucumbiram à mesma cobrança, pressão e rejeição. A bola da vez é Thomaz Bellucci, que, ainda que tenha um reconhecido talento, não consegue conviver em paz com o rótulo de "representante na Nação". Ser o número 1 do Brasil é algo muito pesado.

Guardadas as devidas proporções, é exatamente isso que vem ocorrendo no nosso Corinthians pós-Paulinho. Um jogador que chegou em 2011 para substituir o Jucilei, que havia substituído Elias, e que conviveu no início com muita resistência da torcida. Mas ele conquistou a Fiel com boas atuações e com o talento que acabou levando seu futebol para a Seleção e para o Tottenham. Foi herói na Libertadores e saiu como ídolo inquestionável.

Para seu lugar, o Corinthians trouxe Guilherme, que sofreu dos mesmos problemas: a pressão, a cobrança e alguma rejeição sim. Mas já mostrou que pode, dentro das suas características, ter lugar na equipe. Só que ele se lesionou, e seu lugar no time ficou vaga. Então Tite veio com a mudança tão questionada: Ibson.

Ele despontou como um grande jogador em 2003, quando subiu ao profissional do Flamengo. Foi para o futebol europeu, mas se lesionou e perdeu espaço no Porto. Voltou ao Flamengo, emprestado, e jogou muito: chegou a ser eleito o melhor meia-direito do Brasileirão-2007.

Ficou dois anos no Spartak Moscou, em 2011, e foi vendido ao Santos, onde nunca foi titular absoluto. Mesmo assim, teve bons momentos - chegou a marcar em um jogo contra a gente, que o Santos venceu por 1x0 em 04 de março 2012 (veja video abaixo). Saiu do clube por questões salariais pra voltar ao Flamengo, onde ficou alguns meses e rescindiu o contrato para vir para o Timão.


No Corinthians, Tite o escala no lugar de Paulinho, como segundo-volante, APESAR DE SER MEIA. Seria ingênuo pensar que isso não afeta seu desempenho. Mas a torcida parece não entender dessa forma, pois a pressão para que ele jogue tanto quanto o nosso ex-jogador é acachapante. Incompreensível, vindo de uma torcida que tem como princípio o apoio incondicional ao clube - e aos atletas, por tabela.

O Ibson NUNCA vai jogar como o Paulinho. As características são diferentes... assim como Rubinho é diferente de Senna, e Bellucci é diferente de Guga.

Nosso camisa 18 tem seu valor. Ele tem se mostrado grato pela chance oferecida pelo Corinthians desde o primeiro dia. Tem o apoio dos colegas de elenco. Corre em campo mais do que muito medalhão. E mostrou, nos dois últimos jogos, que pode ser muito importante se jogar à sua maneira - fazendo o simples, ajudando na marcação e cobrindo o avanço dos laterais, especialmente no lado direito. Não é o bastante, torcida?

A Fiel não pode cair na vala dos comuns e simplesmente condená-lo, por ele não conseguir fazer o impossível: ser um clone do Paulinho. A Fiel precisa, sim, provar que é diferenciada, e oferecer seu total apoio a quem entra em campo de verdade: o Ibson Barreto da Silva. Pois o Paulinho-versão 2 só existe na nossa imaginação.

O Ibson merece uma trégua!

2 comentários:

  1. Até que enfim alguém escreveu o que eu penso desde o inicio. Tenho comentado em tudo que é lugar que o Ibson não ruim e que a torcida não tem paciência com ele, ao contrario por exemplo do Adriano ou Zizao. É preciso tempo e pelo nivel de acerto da comissão tecnica, a torcida vai perceber o erro. Pegar no pé dele ou vaiar como fizeram com o Pato, ajuda a quem ? Quase puseram uma crise no Corinthians mesmo com o time no G4.

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  2. Muito bem! Tb penso dessa forma.
    Acredito que esse alto nível de futebol que estamos apresentando há anos deixou a torcida mal acostumada.
    O grande problema é que parte dela está tomando atitudes que não condizem com a da fiel torcida, com a característica de apoio nos 90 minutos.
    Se não for apoiar, pelo menos não xingue, não vaie...
    Quem faz isso são as dos outros times, caramba!!
    Depois do jogo, tá valendo. Tem que cobrar mesmo.
    O Ibson jogou muito bem contra o Flamengo e deve seguir trabalhando. Mesmo pq o substituto disponível é o Jocinei, que nunca jogou e lançá-lo agora é um risco. A não ser que seja gênio!
    O fato é que a torcida tá tomando atitudes que estão me deixando puto!
    Sempre vou ao Pacaembu torcer. Não perco um jogo. Não sou de nenhuma organizada, mas gosto de ficar na Gaviões pra poder ajudar a "empurrar" o time.
    Lá é apoio os 90 minutos. É isso que eu admiro!
    Quer atitude mais bonita do que a torcida inteira fez como no jogo contra o Boca, na desclassificação da Liberta? Porra, foi demais! Até me arrepio ao lembrar!
    Na vitória ou na derrota, temos que ser Corinthians, mano! Apoiando sempre.
    É nóis!
    VAI CURINTIAAAAAAAAA
    Abrass
    Renato

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