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sábado, 31 de agosto de 2013

O legado de Defederico


Fala Fiel!

Daqui a uma hora, o contrato do Corinthians com Matias Defederico enfim vai expirar. E com ele, chegará ao fim uma das piores negociações da era recente do time.

Na época, o Corinthians era presidido por Andres Sanchez, que começava a recuperar o orgulho de seu torcedor: campeão da Série B, contratando Ronaldo Fenômeno... era um momento mágico. Foi aproveitando-se dessa mágica que o marketing corinthiano convenceu o presidente de que o clube TINHA que trazer para o Brasil o chamado "Novo Messi". Com um apelido desse e um DVD que poria inveja a qualquer craque, todos se deixaram levar e não viram qualquer chance de o argentino dar errado. Só que deu.

O Corinthians teria, na época, brigado até com o futebol inglês para ter o jogador. Protagonizou uma longa novela com o Huracán para conseguir o atleta. Aceitou pagar US$ 4 milhões (mais um amistoso!) para convencer o clube argentino de liberar Matias. E quando ele enfim chegou, ganhou nada menos do que a camisa 10. Não bastasse isso tudo, o jovem foi contratado para ser uma das estrelas do Corinthians no ano de seu centenário, em um time cuja estrela maior era nada menos que Ronaldo Fenômeno.

Pouca pressão, né?
O que quero dizer é: a longa novela, os altos valores pagos e toda a pompa com que a transferência foi conduzida e anunciada simplesmente colocaram duas bolas de ferro nos pés do argentino, que até aquele momento não era nada mais do que o craque de um time médio da Argentina. Sim, com muito potencial, mas com apenas 20 anos de idade. Se ele não teve lá muitas oportunidades, também não aproveitou as que teve. Ainda que a pressão sobre ele fosse desumana.

Não bastasse a demora em se adaptar e as seguidas exibições abaixo do esperado, Defederico criou amizades que não eram exatamente saudáveis; ele foi apresentado ao pior de São Paulo, e sucumbiu à jogatina e às madrugadas em casas noturnas - justamente quando precisava encontrar forças para buscar seu melhor futebol. Esse comportamento minou suas chances no Corinthians de tal forma que nem a troca de técnico - e a consequente chegada de Tite - mudou esse cenário. O resultado dessa equação foram escassos três gols nos 37 jogos disputados.

Foi rebaixado para a equipe de juniores do Corinthians ainda em 2010, e já sabia que não seria aproveitado no ano seguinte. Recebeu propostas de vários clubes, segundo o próprio jogador, mas preferiu voltar para o futebol argentino, provavelmente na esperança de recuperar por lá o talento que parecia ter esquecido no Huracán. Mas as expectativas foram muito maiores do que a realidade mostrou, e Matias não vingou nem no Independiente, nem quando voltou ao clube de origem. Tudo pago, em grande parte, pelo próprio Corinthians - e assim o prejuízo só fez aumentar.

Seria fácil pra mim simplesmente criticar. Então tento me colocar no lugar do atleta. Ainda jovem, despontando em uma equipe campeã nacional, Defederico fez a escolha de ir para um grande clube brasileiro; ao mesmo tempo, presencia seu parceiro de Huracán, Javier Pastore, realizar o sonho de ir para o futebol europeu. E no primeiro ano de Palermo ele se torna simplesmente a maior promessa do campeonato italiano. Anos depois, Pastore brilha no bilionário Paris Saint-Germain, enquanto que Matias não só parou no tempo, como regrediu.
Eu apostei em você, Defe...
Como torcedor, apostei muito no Defederico. Esperava de coração que ele desse certo, pois ele tinha talento para isso. Mas uma série de fatores fez com que ele não desse certo no Corinthians... espero que ainda haja um bom futuro reservado para ele.

Já para o Corinthians, o que espero é que algum aprendizado tenha ficado disso tudo. Por exemplo, o de não se deixar levar por uma vontade do marketing, investindo milhões de reais em um jogador que, bem ou mal, era uma aposta. Ou então, o de não fazer grandes contratos com atletas cujo sucesso não seja uma razoável certeza... ainda não tive a coragem de calcular quanto o Corinthians gastou em salários com Defederico de 2010 pra cá.

Na véspera do aniversário de 103 anos, o Corinthians desfaz seus vínculos com um jogador que podia ter sido um craque, mas foi um fracasso. Que o legado de Defederico norteie as próximas negociações da nossa diretoria.

2 comentários:

  1. Parabéns pela matéria! Sensacional, infelizmente esse é um legado dos males do futebol ...

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  2. Devia ter investido no Everton Ribeiro.

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