Fala Fiel!
Daqui a uma hora, o contrato do Corinthians com Matias Defederico enfim vai expirar. E com ele, chegará ao fim uma das piores negociações da era recente do time.
Na época, o Corinthians era presidido por Andres Sanchez, que começava a recuperar o orgulho de seu torcedor: campeão da Série B, contratando Ronaldo Fenômeno... era um momento mágico. Foi aproveitando-se dessa mágica que o marketing corinthiano convenceu o presidente de que o clube TINHA que trazer para o Brasil o chamado "Novo Messi". Com um apelido desse e um DVD que poria inveja a qualquer craque, todos se deixaram levar e não viram qualquer chance de o argentino dar errado. Só que deu.
O Corinthians teria, na época, brigado até com o futebol inglês para ter o jogador. Protagonizou uma longa novela com o Huracán para conseguir o atleta. Aceitou pagar US$ 4 milhões (mais um amistoso!) para convencer o clube argentino de liberar Matias. E quando ele enfim chegou, ganhou nada menos do que a camisa 10. Não bastasse isso tudo, o jovem foi contratado para ser uma das estrelas do Corinthians no ano de seu centenário, em um time cuja estrela maior era nada menos que Ronaldo Fenômeno.
Pouca pressão, né? |
Não bastasse a demora em se adaptar e as seguidas exibições abaixo do esperado, Defederico criou amizades que não eram exatamente saudáveis; ele foi apresentado ao pior de São Paulo, e sucumbiu à jogatina e às madrugadas em casas noturnas - justamente quando precisava encontrar forças para buscar seu melhor futebol. Esse comportamento minou suas chances no Corinthians de tal forma que nem a troca de técnico - e a consequente chegada de Tite - mudou esse cenário. O resultado dessa equação foram escassos três gols nos 37 jogos disputados.
Foi rebaixado para a equipe de juniores do Corinthians ainda em 2010, e já sabia que não seria aproveitado no ano seguinte. Recebeu propostas de vários clubes, segundo o próprio jogador, mas preferiu voltar para o futebol argentino, provavelmente na esperança de recuperar por lá o talento que parecia ter esquecido no Huracán. Mas as expectativas foram muito maiores do que a realidade mostrou, e Matias não vingou nem no Independiente, nem quando voltou ao clube de origem. Tudo pago, em grande parte, pelo próprio Corinthians - e assim o prejuízo só fez aumentar.
Seria fácil pra mim simplesmente criticar. Então tento me colocar no lugar do atleta. Ainda jovem, despontando em uma equipe campeã nacional, Defederico fez a escolha de ir para um grande clube brasileiro; ao mesmo tempo, presencia seu parceiro de Huracán, Javier Pastore, realizar o sonho de ir para o futebol europeu. E no primeiro ano de Palermo ele se torna simplesmente a maior promessa do campeonato italiano. Anos depois, Pastore brilha no bilionário Paris Saint-Germain, enquanto que Matias não só parou no tempo, como regrediu.
Eu apostei em você, Defe... |
Já para o Corinthians, o que espero é que algum aprendizado tenha ficado disso tudo. Por exemplo, o de não se deixar levar por uma vontade do marketing, investindo milhões de reais em um jogador que, bem ou mal, era uma aposta. Ou então, o de não fazer grandes contratos com atletas cujo sucesso não seja uma razoável certeza... ainda não tive a coragem de calcular quanto o Corinthians gastou em salários com Defederico de 2010 pra cá.
Na véspera do aniversário de 103 anos, o Corinthians desfaz seus vínculos com um jogador que podia ter sido um craque, mas foi um fracasso. Que o legado de Defederico norteie as próximas negociações da nossa diretoria.
Parabéns pela matéria! Sensacional, infelizmente esse é um legado dos males do futebol ...
ResponderExcluirDevia ter investido no Everton Ribeiro.
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