AVISO IMPORTANTE: Esse post NÃO DISCUTE os
aspectos criminais do caso, nem as punições que o autor do disparo do
sinalizador poderá sofrer, mas SOMENTE os aspectos DESPORTIVOS do caso, com relação ao Corinthians, ao San José e à CONMEBOL.
Fala Fiel!
Muitos de vocês devem ter visto reportagens hoje falando de outros acidentes com fogos e rojões em estádios de futebol.
Pesquisei esses casos a fundo e descobri as punições que esses clubes sofreram. A conclusão é a que a punição dada ao Corinthians inédita e extremamente exagerada, exatamente como afirmam os advogados do clube.
Confira abaixo outras tragédias ocorridas no futebol com fogos e as punições sofridas pelos clubes:
1983: Boca Juniors
Estádio: La Bombinera (Buenos Aires, Argentina)
Em 3 de agosto, antes de a partida entre Boca Juniors e Racing pelo Torneio Metropolitano, um torcedor da organizada La 12 soltou um rojão, que atravessou 150 metros pela Bombonera e matou o torcedor do Racing Roberto Basile, de 25 anos. O rojão atravessou o pescoço e o matou, sem que pudesse ser atendido.
Capa da revista El Grafico sobre o desastre |
Como punição, o Boca Juniors foi proibido de jogar na Bombonera até o final do torneio. Até hoje, essa morte não é esquecida pelos "hinchas" do Racing, que mantém uma relação de quase ódio com os boquenses.
1985: Cádiz Club
Estádio: Ramón de Carranza (Cádiz, Espanha)
Em 21 de abril de 1985, a partida contra o Castellón era a primeira do Cádiz em casa após o seu acesso à Primeira Divisão Espanhola ser garantido. Mas o que deveria ser uma festa se transformou em tragédia, quando um sinalizador atingiu o torcedor do Cádiz Luis Montero Domínguez, de 57 anos.
Imagem do ABC Sevilla de 22/04/1985 mostra o socorro a Luis Montero |
O clima no estádio foi comparado a um "velório" pelos que lá estavam, e
todas as comemorações preparadas para festejar o acesso foram
canceladas, após a notícia da morte de Montero chegar aos torcedores. Ele
foi vitimado por uma insuficiência cardíaca e hepática.
Matéria do Mundo Deportivo de 22 de abril de 1985 |
Os dois responsáveis pela entrada e disparo do foguete foram identificados: Juan Manuel Orozco Sanchez e José Gomez Moreno. Eles foram condenados pelo Juizado de Instrução de Cádiz e ficaram um ano presos. Ainda teriam que pagar 5 milhões de pesetas (pouco mais de US$ 40 mil), mas como se declararam insolventes, o Cádiz pagou a indenização.
Fora isso, apesar de judicialmente o Cádiz ter sido considerado responsável subsidiário, não houve nenhuma punição. Segundo a sentença, proferida pelos juízes em 5 de fevereiro de 1988, "Não se pode exigir da empresa (o clube) uma atividade de cunho pessoal e direto de cada espectador.", mas deixou claro que se tratava de um "sinal claro de uma atividade passiva e falta de um padrão mínimo de diligência" (veja LINK).
1992: Espanyol
Estádio: Sarriá (Barcelona, Espanha)
Em 15 de março de 1992, o jovem Guillermo Alfonso Lázaro, de apenas 13 anos, ia pela primeira vez a um estádio de futebol, acompanhado pelos pais e irmão, para assistir à partida entre Espanyol e Cádiz. Mas o que parecia ser uma das maiores experiências de sua vida acabou por ser a última, após ser atingido por um rojão no peito.
Trajetória do sinalizador que provocou a morte do torcedor |
Ao ver o objeto no peito do filho, o pai tentou desesperadamente desencravá-lo, mas queimou gravemente as mãos. Guillermo ainda chegou a ser socorrido e levado ao hospital, mas morreu a caminho. "O destino levou meu filho", o pai declarou ao El País na época.
O responsável pelo disparo foi Franco Vila, de 39 anos. Ele foi condenado a seis meses de prisão, e o juiz do caso, Pasqual Estivill, ainda decidiu responsabilizar o Espanyol pelo desastre. O Espanyol foi condenado a pagar 42 milhões de pesetas (quase US$ 350 mil) à família de Guillermo.
Nesse LINK você pode conferir matéria do jornal ABC Madrid de 15 de março de 1992.
Estádio: Estadio Nacional (Lima, Peru)
Em 02 de abril de 2000, jogavam Universitario e Unión Minas. Logo no início o atacante argentino Carlos Yaqué marcou para o time da casa, quando, durante a comemoração, um dos rojões soltados viajou pelo estádio e atingiu José Mayta Torra, o "Pepito", de 17 anos de idade. Ele foi atingido no olho esquerdo.
Como não havia água nas arquibancadas e os instrumentos do corpo de Bombeiros não alcançava o local, os torcedores em volta, entre eles a mãe do garoto, tentaram apagar o fogo da cabeça de Pepito com roupas e bandeiras. "Pepito", que tinha Síndrome de Down, foi atingido no olho esquerdo e morreu nos braços de sua mãe, depois de ela ter tentado tirar o rojão em chamas da cabeça do filho durante quase um minuto.
Yaqué, o autor do gol que ocasionou do lançamento do rojão, comparou o caso a um filme de terror (confira LINK) e disse que esse fora "o gol mais feio de sua vida".
Posteriormente o autor de disparo se apresentou: era o oficial da Marinha Sergio Encinas Medero, um torcedor do Universitario. Ele declarou para a polícia, na época, que havia conseguido o rojão entre os materiais da Marinha de Guerra do Peru. Foi preso e condenado a 3 anos de prisão.
Esse fato eximiu o clube de responsabilidade.
Essa tragédia teve ampla repercussão no mundo na época; um dos jornais mais enfáticos foi o Mundo Deportivo, que fez um relato chocante dos sentimentos de quem estava por lá no momento. Confira abaixo:
Posteriormente o autor de disparo se apresentou: era o oficial da Marinha Sergio Encinas Medero, um torcedor do Universitario. Ele declarou para a polícia, na época, que havia conseguido o rojão entre os materiais da Marinha de Guerra do Peru. Foi preso e condenado a 3 anos de prisão.
Esse fato eximiu o clube de responsabilidade.
Essa tragédia teve ampla repercussão no mundo na época; um dos jornais mais enfáticos foi o Mundo Deportivo, que fez um relato chocante dos sentimentos de quem estava por lá no momento. Confira abaixo:
2007: Barcelona de Guayaquil
Estádio: Monumental (Guayaquil, Equador)
Esse acidente ocorreu em 16 de setembro de 2007. Carlos Cedeño Véliz, torcedor do Emelec de 12 anos, morreu ao ser atingido por um rojão antes do início do clássico entre Barcelona e Emelec. O menino assistia o jogo com seus familiares e foi atingido no peito pelo objeto, lançado da organizada Sur Oscura, do Barcelona, após uma provocação da torcida rival.
Ele chegou a ser socorrido pelo Corpo de Bombeiros de Guayaquil e levado para uma clínica, mas a perfuração nos pulmões eram muito graves. "Ele morreu nos meus braços", disse à época o comandante Cucalõn Martin.
Como punição, a Comissão Disciplinar da confederação equatoriana fechou o estádio Monumental por três rodadas.
O Barcelona, por conta própria, manteve o estádio fechado por duas rodadas e proibiu as torcidas Sur Oscura (do Barcelona) e Boca del Pozo (do Emelec) de assistir partidas no estádio. Ainda ofereceu uma recompensa de US$ 10 mil para quem denunciasse o responsável pelo acidente (veja LINK).
Dias depois, dois torcedores da torcida Sur Oscura se apresentaram à polícia e incriminaram Marco Darwin Mocha, de 36 anos, como o autor do disparo (LINK). Mesmo assim, ele não foi preso, e até hoje ninguém foi condenado na esfera criminal.
Carlitos Cedeño: nnguém foi punido por sua morte |
1 - Em TODAS as tragédias, os fogos partiram da torcida MANDANTE .
2 - Em TODOS os casos, eles atingiram um torcedor do time VISITANTE;
3 - Na Espanha, os juízes eximiram os clubes de punição no campo, preferindo condená-los somente a indenizar as famílias das vítimas. Já nos casos na América do Sul, os clubes sofreram punições na esfera esportiva, como a interdição de seus estádios. Isso só não ocorreu no caso Pepito, no Peru.
4 - Nos casos onde houve a interdição de estádios, isso não significou em nenhum momento qualquer proibição de o clube receber torcedores em seus jogos; nenhum deles foi condenado a jogar com portões fechados.
5 - Descobrir quem foi o autor do disparo não foi um fato atenuante nos casos onde isso ocorreu; os clubes foram punidos mesmo assim.
6 - AO CONTRÁRIO DE TODOS ESSES CASOS, em Oruro o time do autor do disparo era o VISITANTE da partida, e o sinalizador atingiu um torcedor do time
MANDANTE.
As perguntas que não querem calar:
1 - O fato de o autor do disparo do objeto ser corinthiano é mais importante do que o fato de os fogos terem entrado sem dificuldade no estádio?
2 - A responsabilidade do San José não seria maior, por ter sido ELE o mandante da partida, e portanto o RESPONSÁVEL DIRETO por permitir a entrada dos fogos?
3 - Porque o banimento dos torcedores dos jogos do Corinthians, se essa punição NUNCA FOI DADA nos casos onde houve mortes semelhantes?
4 - TODAS as punições foram dadas por um órgão colegiado após longa análise dos fatos. Porque o presidente em exercício da CONMEBOL decidiu punir o Corinthians ARBITRARIAMENTE, de forma preventiva e sem debater o caso com seus pares? Seria uma forma de se impor, de mostrar autoridade?
Qual a punição mais adequada, então?
Considerando o histórico desses casos, o mais justo seria interditar o Pacaembu dessa Libertadores; fazer o Corinthians jogar a tantos km de distância, mas COM PÚBLICO.
Simplesmente porque não cabia ao Corinthians controlar o acesso dos torcedores aos fogos; isso era responsabilidade do San José, que era o MANDANTE da partida!
Qualquer coisa a mais do que a interdição do Pacamebu seria algo novo, diferente do que já houve em punições anteriores.
Talvez seja exatamente essa a intenção da CONMEBOL: APARECER. E nada melhor do que o Corinthians pra servir de bode expiatório.
#LUTO
Fontes: Wikipedia - vários links, La Bombonera.com.ar, El Diario Perfil, El Libero, Clarín, El Universo, O Estado de São Paulo, Diario Gazeta,
Nenhum comentário:
Postar um comentário