10 fatos sobre os maiores contratos de material esportivo do Brasil

 

Leia e decida: qual o melhor contrato, afinal?

1 - A falta de transparência do São Paulo impede comparações mais detalhadas entre os contratos

Ao contrário de Corinthians e Flamengo, que informaram detalhes dos seus contratos com Nike e Adidas, o São Paulo simplesmente soltou uma nota afirmando que haviam fechado com a Penalty por R$ 105 milhões em três anos. Não informou se receberia luvas, qual seria a porcentagem dos royalties e de peças recebidas...

E ainda por cima podem ter inflado esse valor; segundo a Época Negócios, dos R$ 35 milhões anuais que o SPFC receberá, apenas R$ 13 milhões são em dinheiro, e outros R$ 22 milhões seriam referentes ao valor de varejo das 110 mil peças que a Penalty tem que enviar ao clube (mais ou menos R$ 200 por camisa).

Só por isso já estariam errados, mas o pior é que, em primeiro lugar, o contrato prevê que a Penalty tem que enviar 110 mil PEÇAS, e não 110 mil CAMISAS. Ou seja, são camisas, meiões, calções... fazendo o valor total ser bem menor. E em segundo lugar, porque mesmo que fossem 110 mil camisas, o correto seria calcular o total recebido com base no seu valor de atacado (R$ 70 por camisa), cerca de 1/3 do valor de varejo.

2 - O contrato Flamengo/Adidas é maior, mas o Corinthians recebe mais dinheiro

No total, o contrato Flamengo/Adidas é maior sim, mas em dinheiro, o Corinthians recebe mais. Os itens que compõem os contratos de patrocínio que são pagos em dinheiro são o fixo anual e a quantia mínima de royalties. 

Considerando esses dois itens, o clube carioca vai receber em dinheiro R$ 20,5 milhões anuais (R$ 12,5 mi de fixo e R$ 8 mi de royalties); já o Corinthians, receberá R$ 22 milhões (R$ 15 mi de fixo e R$ 7 de  royalties). Do São Paulo, só se sabe que são R$ 13 milhões fixos, mas não se sabe qual o mínimo de royalties a receber anualmente.

3 - Mesmo onde o Flamengo parece ter vantagem, ela não existe de fato

A maior diferença de valores entre os contratos está na quantidade de peças que o clube recebe: a Adidas enviará para o Rio de 90 a 110 mil peças, limitadas ao valor de varejo máximo de R$ 9,8 milhões. O São Paulo, receberá também 110 mil peças, sem valor máximo divulgado. 

Quanto ao Corinthians, não se sabe quanto de material a Nike terá que enviar. O fato, no entanto, é que isso não representa nenhuma desvantagem, pois é OBRIGAÇÃO da Nike fornecer material esportivo ao clube, correto? É  irrelevante o valor das peças em si: importa que o clube RECEBA as peças. E isso ocorrerá com todos os times.

4 - Os royalties do acordo Nike/Corinthians são os melhores do Brasil

Desde o ano do Centenário, em 2010, o Corinthians vende mais de 1 milhão de camisas/ano. Isso fez com que o departamento de marketing do Corinthians tivesse confiança pra não exigir da Nike um valor mínimo pelos royalties dessas vendas. Ao invés disso, conseguiram que a Nike aceitassem pagar nada menos que 18% por cada produto vendido da sua marca.

Essa porcentagem é muito maior do que o acertado entre Flamengo e Adidas, que varia de 10 a 14% conforme o valor total de produtos vendidos. A diferença é que a Adidas tem que pagar um mínimo de R$ 8 milhões, não importa quanto venda de produtos. A preocupação é compreensível, já que desde 2009 as vendas de camisas por lá caíram de 1,5 milhão para 1 milhão, com previsão de nova queda em 2012.

Também não se sabe quanto a Penalty vai pagar ao SPFC de royalties, mas dificilmente chegará perto dos 18% do acordo Nike/Corinthians.

5 - Flamengo e São Paulo estão presos pela exclusividade; o Corinthians, não

Tanto Flamengo quanto São Paulo têm em seus contratos cláusula que prevê exclusividade para Adidas e Penalty na produção dos produtos licenciados. Isso impede que s times possam vender quaisquer produtos que não sejam os das suas patrocinadoras.

Já o Corinthians não está, e na verdade nunca esteve preso à Nike: ele pode, a qualquer momento, lançar produtos licenciados de outra marca, como fez com a Camisa do Povo, por exemplo, e com outras dezenas de produtos que vende na rede de lojas Poderoso Timão.

Esse é um tremendo diferencial financeiro, pois somente em 2011 foram mais de R$ 31 milhões em vendas de produtos licenciados, e grande parte disso NÃO FOI fruto de venda de camisa, mas sim dos outros produtos com a marca Corinthians.

6 - A Adidas limitará o potencial financeiro da camisa do Flamengo

A partir de 2014, somente duas marcas poderão estar presentes na camisa do clube carioca, além do logo da Unicef. Isso limitará as possibilidades de arrecadação com outros patrocinadores, diminuindo o valor total da camisa.

Isso não ocorre nem com a parceria Nike/Corinthians nem com Penalty/São Pauilo.

7 - Somente o contrato Nike/Corinthians prevê reajuste anual independente de resultados

O contrato Adidas/Flamengo prevê reajuste em 2017, de 5 ou 10% dependendo dos resultados do time. Para reajustar o acordo em 10% será necessário ganhar 2 Brasileiros e 1 Libertadores nos próximos 5 anos.

Já no Corinthians, o contrato com a Nike já prevê correção monetária ANUAL dos valores, independente da campanha que o time fizer na temporada. 

Não se sabe as bases de reajuste do contrato do SPFC, se é que existe previsão de reajuste.

8 - Penalty investirá em outras áreas do futebol do São Paulo

A Penalty é a única das três empresas de material esportivo que se comprometeu por contrato a investir também nas categorias de base e no futebol amador. Além disso, vai investir R$ 1,5 milhões por ano (R$ 4,5 mi no total) na formação de um time competitivo de futsal para o clube paulista.

Olha a brecha, Corinthians... a Nike bem que podia fazer isso!

9 - Rede Poderoso Timão é o maior diferencial de vendas entre os três times

O Flamengo chegou a ter um projeto para montar quiosques para venda de seus produtos; seriam unidades de custo relativamente baixo e com grande potencial para atingir a grande massa torcedora, fora ou dentro de shoppings em todo o país. Foi abandonado na gestão Patricia Amorim. Também se pensou, na época da Olympikus, em se criar lojas Olympikus/Flamengo, mas a falta de firmeza do clube no combate a empresas e lojas com produtos não oficiais acabou desestimulando a empresa a investir.

No São Paulo, a antiga patrocinadora Reebok montou uma rede de lojas (SAO), mas agora todas serão fechadas ou perderão a exclusividade da marca SPFC. A Penalty pode até montar lojas próprias, mas terá que começar tudo do zero.

Já no Coritnhians, a rede de lojas “Poderoso Timão” não é da Nike. É do Corinthians, na forma de associação com empresas terceirizadas e virou um tipo de franquia. O clube poderia trocar a Nike pela Adidas, ou pela Puma, e não teria problemas com sua distribuição, mantendo uma rede já conhecida do consumidor e pronta para dar saída a novos produtos, agregando receitas.

Vale lembrar que já são mais de 100 lojas da Poderoso Timão e cada vez mais elas são referência na hora de se comprar produtos oficiais do time - INDEPENDENTE de quem patrocina o time.

10 - Contrato Nike/Corinthians é o único que será pago em dólar, e isso é um belo diferencial

Dessa forma, é o único dentre os três que sob hipótese alguma estará sujeito às variações do cãmbio.

Assim, não haverá nenhuma possibilidade de o contrato ser desvalorizado, e muito menos de o Corinthians acabar perdendo dinheiro nas correções monetárias que forem feitas anualmente. Ponto para a Nike nesse quesito!

TABELA-RESUMO

OS 3 MAIORES CONTRATOS DE MATERIAL ESPORTIVO DO BRASIL

* O novo contrato Nike/Corinthians é de 10 anos, mas 2 deles se referem ao antigo contrato, que teria validade até 2014. De renovação mesmo, são mais 8 anos.

** O contrato do Flamengo vale de maio de 2013 a abril de 2013.

*** No campo "Patrocínio fixo" do Flamengo, considerar esse valor para os primeiros 5 anos de contrato. Para os 5 anos seguintes, o valor sobe automaticamente para R$ 17,5 milhões.

**** No campo "Peças entregues", a variação nos números do Flamengo se devem à previsão contratual, que estipula um mínimo contratual de 90 mil peças entregues todo ano. A quantidade exata é definida meses antes de a temporada começar. Para o São Paulo, a variação se deve a divergências nas fontes usadas.

Fontes: Globo Esporte.com, Blog Fla-Mengão10, Blog Olhar Crônico Esportivo, Blog do Torcedor - Ricardo Taves, Época Negócios - Link 1, Época Negócios - Link 2, Blog do Navarro