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domingo, 20 de maio de 2018

As coisas mudaram e talvez Carille fique. Mas, até quando?

Carille deverá ficar no Corinthians. Mas somente porque outro vai para onde ele já tinha aceito ir (Foto: Daniel Augusto Jr./Ag. Corinthians)
Desde quinta-feira o assunto central de qualquer conversa entre corinthianos tem sido praticamente um só: a possível ida de Fabio Carille para o Al-Hilal, da Arábia Saudita, após receber uma proposta fora dos padrões do nosso futebol: 2 anos de contrato e € 3 milhões de salário por ano - praticamente R$ 1 milhão por mês, mais ou menos o triplo do que ele recebe no Corinthians.

No mesmo dia, o Corinthians enfiou 7x2 no Deportivo Lara pela Libertadores e o clima entre os torcedores ficou menos pesado - mas era difícil esquecer da situação envolvendo nosso técnico. O que só piorou com as declarações do mesmo após o jogo, onde disse que tudo não passava de especulação - ao mesmo tempo em que seus próprios pais já haviam confidenciado que a proposta existia sim e que Carille a considerava "irrecusável" e que dessa vez "ele achava que tinha que sair". Porque os pais mentiriam?
Começou aí uma guerra de informações, que vem rendendo discussões e mais discussões entre torcedores e jornalistas, todos querendo estar um passo à frente e tentar cravar uma decisão que, ao que tudo indicava, só seria divulgada nessa segunda-feira (21), mas que nos bastidores já parecia ter sido tomada. Alguns, mais ousados, também falavam em substitutos para seu lugar, defendendo a efetivação do Osmar Loss, e inclusive detalhavam como a proposta do clube árabe tinha vindo a calhar, já que parte da própria direção queria "se livrar" do Carille mas não sabiam como fazê-lo. Até em brigas com o Andres Sanchez chegaram a falar. Verdade? Mentira? Não sei dizer.

Mas outro detalhe importante poderia fazer toda a diferença nessa novela: Carille não era a primeira opção dos árabes. O Al-Hilal também estava sondando o treinador do Sporting, Jorge Jesus, para a vaga. E a proposta a ele era ainda maior, de € 7 milhões de salário por ano. Houve há algum tempo uma primeira sondagem, que ele havia recusado, mas depois disso um grave episódio ocorreu em Lisboa: vândalos invadiram o vestiário do clube e promoveu uma série de depredações e agressões, a jogadores e funcionários. Começou a circular que Jesus talvez não quisesse mais ficar por lá. E o Al-Hilal aproveitou para tentar de novo.

Chegamos então na grande nova informação, que surgiu nessa madrugada de domingo: um portal árabe chamado Al-Watan soltou uma matéria afirmando que Jorge Jesus teria acertado sua ida para o Al-Hilal. A notícia "quebrou a internet" dos corinthianos, aliviados por saber que, se o português aceitou ir para a Arábia, então Carille ficaria. Alguns outros resolveram cobrar os que criticaram a suposta decisão do técnico de sair, e criticar os veículos que haviam dado essa notícia.
Portal Al-Watan dá como certa a ida do técnico português Jorge Jesus para o Al-Hilal (Foto: Reprodução)
É nesse ponto que eu desejo chegar, sem querer defender ninguém, e muito menos julgar Carille. Independente do que o treinador falou, existem dois fatos nessa história que parecem certos:

1 - Os pais de Carille afirmaram com todas as letras que o filho recebeu SIM uma proposta e estava propenso a aceitá-la por achar "irrecusável" do ponto de vista financeiro;
2 - Se o Al-Watan estiver certo e Jorge Jesus tiver mesmo aceito a proposta do Al-Hilal, isso terá sido a ÚNICA coisa a impedir a saída de Carille do Corinthians. 

Em outras palavras: se Carille realmente ficar no Timão, não terá sido porque ele rejeitou o clube árabe, e sim porque outro técnico, que era mais desejado, também aceitou ir. Se dependesse dele, e tão somente dele, as malas estavam prontas e a passagem comprada. E é muito difícil não se preocupar com isso.

O Corinthians tem metade da temporada pela frente. Vem de um primeiro semestre onde, apesar de tudo, foi vencedor: conquistou o bicampeonato paulista e não foi eliminado de nenhum torneio, portanto ainda disputa três competições importantes: Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil e Libertadores. Um 2018 de grandes perspectivas, certo? Mas não pareceu muito difícil para o Al-Hilal fazer Carille "esquecer" disso para ir embora, em nome da tal "independência financeira" que incrivelmente ele não parece conseguir fazer aqui, ganhando R$ 300 mil ou algo parecido.

Meu ponto aqui é: Carille pode até ficar no Corinthians agora. Mas, ele realmente ESTÁ no Corinthians? Se hoje ele foi impedido de sair porque outro técnico quis a mesma vaga que ele no clube árabe, o que vai impedi-lo se amanhã outro clube oferecer a ele um salário milionário? Sim, pois a decisão dele certamente não foi motivada por projeto, certo? Se ele fosse para o Al-Hilal, não seria pelo desafio de conquistar a liga saudita. Era dinheiro, sempre foi dinheiro. E se o que move suas decisões é o dinheiro, então o Corinthians está sujeito a perder o treinador literalmente A QUALQUER MOMENTO. Que clube consegue planejar seu futuro vivendo essa ameaça diária? Dá pra planejar um segundo semestre, ou mesmo um 2019, com essa corda no pescoço?

Enfim. A ideia desse post era fazer uma reflexão e externar uma profunda preocupação com nosso treinador e com o nosso Corinthians. Pois se tem uma coisa que fez diferença ao Timão nos últimos anos foi comprometimento e foco totais. Distrações sempre nos levaram a algum fracasso. E como o próprio Carille disse, ele pode não sair do Corinthians por um caminhão de dinheiro, mas dois caminhões o forçariam a pensar. Quando será que os próximos caminhões chegam?

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