Fala Fiel!
Fiz essa entrevista para o jornal-laboratório da minba classe do curso de Jornalismo, o Voz Caiçara. Na sexta-feira (dia 10), me encontrei com Márcio Thyrso e conversei com ele por 1 hora e meia.
Ele me contou detalhes da vida de atleta, das dificuldades que um jogador do futebol americano ainda passa no Brasil e das expectativas que ele vive para o futuro. Confiram!
Márcio Thyrso, 24 anos |
Enquanto aguardava a chegada do meu entrevistado, imaginava o que
perguntar, e de que forma a entrevista ia se suceder. Afinal, no Brasil,
o jogador de futebol americano não precisa conviver somente com as
dificuldades impostas pelo amadorismo: também precisa conviver com os
estereótipos.
No entanto, quando Márcio Souza Thyrso de Lara, 24 anos, que é de Vitória/ES mas vive aqui em Santos, chegou ao local da entrevista, pontualmente às 10 horas de ontem, quebrou o primeiro rótulo qur tinha formulado na mente: não, ele não era bravo nem malvado. Pelo contrário: mostrou-se simpático e bastante solícito; a conversa durou quase 1 hora e meia; foram 90 minutos de rótulos sendo totalmente destroçados.
No entanto, quando Márcio Souza Thyrso de Lara, 24 anos, que é de Vitória/ES mas vive aqui em Santos, chegou ao local da entrevista, pontualmente às 10 horas de ontem, quebrou o primeiro rótulo qur tinha formulado na mente: não, ele não era bravo nem malvado. Pelo contrário: mostrou-se simpático e bastante solícito; a conversa durou quase 1 hora e meia; foram 90 minutos de rótulos sendo totalmente destroçados.
Quando um convite muda uma vida
Márcio chegou a pesar 145 kgs |
Pode-se dizer que o futebol americano mudou a vida de Thyrso. Na
adolescência , ele chegou a pesar 145 quilos. Tentou fazer vários esportes: judô, boxe, futebol... não conseguia
se adaptar. Faltava algo.
Até que, em 2007, encontrou um amigo que portava nas mãos uma bola de futebol americano. Sem saber nada do esporte, reagiu com ceticismo ao seu convite, para participar de um jogo do Black Sharks, time de praia no qual jogava. "Vamos fazer um teste", ouviu do amigo. O resultado do tal teste surpreendeu tanto que foi o suficiente para Márcio começar a treinar com o time. E nunca mais pararia de jogar.
Até que, em 2007, encontrou um amigo que portava nas mãos uma bola de futebol americano. Sem saber nada do esporte, reagiu com ceticismo ao seu convite, para participar de um jogo do Black Sharks, time de praia no qual jogava. "Vamos fazer um teste", ouviu do amigo. O resultado do tal teste surpreendeu tanto que foi o suficiente para Márcio começar a treinar com o time. E nunca mais pararia de jogar.
Ainda sem apoio e gerando pouco interesse, os times eram feitos e desfeitos com certa regularidade. Ainda na praia, Márcio jogou no Baixada Santista Spartans, e nesse time fez seu primeiro jogo de campo, contra o Sorocaba Vipers. Pouco tempo depois, o Spartans virou Santos Tsunami - que migrou para o campo e existe até hoje.
Foi jogando pelo Tsunami que nosso camisa 47 conheceu o Corinthians Steamrollers e sua estrutura. "Era 2009 e enfrentamos o Corinthians em um amistoso. Ali, naquele jogo, percebi que o Corinthians era especial. O time era diferente... tudo era diferente", segundo ele. Em 2010, o Corinthians abriu a primeira seletiva para jogar os torneios com o equipamento completo (ou full-pad). Foi a chance que Márcio viu de jogar no time que tanto lhe surpreendeu. "Disputei a seletiva e passei. Estava no Corinthians".
Assim, realizava o sonho de seu pai, falecido em 2007, que almejava ver um dos filhos jogando no seu time de coração. Márcio esperava que seu irmão o fizesse, mas foi Márcio quem acabou conseguindo fazê-lo. "A homenagem com o número 47 (referência a 1947, ano de nascimento do pai) demorou. Só consegui quando mudei de posição. Era middle-linebacker [membro do time de defesa], agora sou fullback [membro do time de ataque]. Isso porque as numerações das camisas no futebol americano dependem das posições dos jogadores, não são de livre escolha". Perguntado se acredita que está jogando melhor na nova posição, ele afirmou: "Sinto que faço mais pelo time".
Logo após ser integrado ao time, em 2010, Thyrso ajudou o Steam a conquistar o Troféu Cataratas, em Foz do Iguaçu. Mas um imprevisto interrompeu sua trajetória no time: em um jogo pelo Paulista, um rompimento dos ligamentos no seu joelho esquerdo o fez parar por 5 meses. Márcio só voltaria para o Torneio Touchdown [um dos dois campeonatos nacionais que são disputados no Brasil], contra o Cuiabá Arsenal. Não entrou no jogo, mas sentir o clima da partida o incentivou a entrar em forma novamente. "Dos 145 kgs que tinha, cheguei a pesar 'apenas' 95 kgs, pouco para atuar em alto nível". Hoje ele pesa 110 quilos.
Somados à lesão, os compromissos fora do campo começaram a pesar. "Estava no último ano do curso de Direito, e não havia como conciliar as duas rotinas". Isso pois o futebol americano ainda é um esporte amador no Brasil. "Ou você escolhe ser alguém e não joga, ou o contrário. Até por isso, a média de idade dos jogadores é um pouco mais alta do que no soccer (o famoso futebol de campo)... primeiro, o jogador conquista estabilidade na carreira, e só depois passa a se dedicar ao esporte". Naquele momento, Márcio optou por parar de jogar, para concluir a graduação em Direito.
No fim de 2011, Márcio convenceu a diretoria do Santos Tsunami a voltar, para se readaptar ao clima dos jogos, e se recondicionar fisicamente. Após algumas partidas, já em 2012, voltou ao Corinthians, onde conquistou a Super Copa São Paulo e o bi do Torneio Touchdown.
A rotina de treinos e o apoio da família
Márcio Thyrso em treino do Steamrollers |
Queria entender o
porquê de Márcio não ter conseguido conciliar treino e estudo. E
entendi. Hoje em dia,
sua rotina começa indo ao trabalho; na hora do almoço, treina na
academia, e volta ao trabalho. Então, vai a um curso preparatório para a
prova da OAB, e depois ainda corre na praia! "Mas essa corrida é às
vezes", disse ele. Aos fins de semana (e às vezes às
quartas-feiras), ainda treina com o time no
Pq. São Jorge.
Ainda sobre os treinos, Thyrso destacou a importância do atual coach do time, o italiano Marco Nessi. "Com o Marco, o nível dos treinos aumentou muito. É tão intenso que mal consigo andar quando chego em casa. Às vezes, os treinos são piores do que o jogo." Ele prosseguiu: "O treino já é normalmente puxado, mas a cada fase que passamos (nos torneios), fica mais. Mas são esses treinos que fazem de nós vencedores; nosso coach sabe o que faz".
Para retratar a seriedade do trabalho de Nessi, ele se lembrou de uma situação ocorrida após a vitória por 41x15 contra o Santos Tsunami, pela Super Copa Paulista desse ano. "Quando o jogo acabou, nos reunimos com o Marco e ouvimos sobre vários erros que cometemos, e que ele não queria mais ver o time cometer... a exigência é muito alta, e isso é bom". Por que? "Alguns times se contentam em ter uma camisa. Eu não... não quero somente jogar, quero ganhar!".
Márcio conta com a compreensão e apoio da família e da namorada, que é de São Paulo, para viver essa rotina sem culpas. "Ela entende que faço todo o possível para jogar. Se não atrapalhar minha carreira, eu faço."
Por causa de tanto esforço, as lesões são comuns, no Steamrollers e em todos os outros times. "Todo mundo tem problemas no joelho. Eu, além de ter operado um, tenho tendinite nos dois... sem falar nos dedos deslocados e quebrados". Para ajudar nos tratamentos, os atletas têm à disposição uma clínica especializada.
Ainda sobre os treinos, Thyrso destacou a importância do atual coach do time, o italiano Marco Nessi. "Com o Marco, o nível dos treinos aumentou muito. É tão intenso que mal consigo andar quando chego em casa. Às vezes, os treinos são piores do que o jogo." Ele prosseguiu: "O treino já é normalmente puxado, mas a cada fase que passamos (nos torneios), fica mais. Mas são esses treinos que fazem de nós vencedores; nosso coach sabe o que faz".
Para retratar a seriedade do trabalho de Nessi, ele se lembrou de uma situação ocorrida após a vitória por 41x15 contra o Santos Tsunami, pela Super Copa Paulista desse ano. "Quando o jogo acabou, nos reunimos com o Marco e ouvimos sobre vários erros que cometemos, e que ele não queria mais ver o time cometer... a exigência é muito alta, e isso é bom". Por que? "Alguns times se contentam em ter uma camisa. Eu não... não quero somente jogar, quero ganhar!".
Márcio conta com a compreensão e apoio da família e da namorada, que é de São Paulo, para viver essa rotina sem culpas. "Ela entende que faço todo o possível para jogar. Se não atrapalhar minha carreira, eu faço."
Por causa de tanto esforço, as lesões são comuns, no Steamrollers e em todos os outros times. "Todo mundo tem problemas no joelho. Eu, além de ter operado um, tenho tendinite nos dois... sem falar nos dedos deslocados e quebrados". Para ajudar nos tratamentos, os atletas têm à disposição uma clínica especializada.
O futuro do futebol americano no Brasil
No futuro, ninguém mais vai achar que os jogadores de futebol não mordem |
Pedi para que o fullback
corinthiano falasse um pouco sobre o que espera do futuro do esporte no
Brasil: "Estamos avançando 50 anos em 5... mas faltam mais de 500
{risos). Em Leme, que será nossa casa no Torneio Touchdown esse ano,
está sendo construído o primeiro estádio de futebol americano. Seremos o
único time a treinar em um campo oficial, sem adaptações".
Por fim, ele destacou a importância do jogo em equipe, que considera ser o diferencial do futebol americano. "Não dá pra ser um Neymar, não existe espaço pra estrelismos nem improvisações. O futebol americano é um quebra-cabeça, onde cada peça é única, e todas dependem umas das outras".
Encerrei a entrevista perguntando a ele se as pessoas o reconhecem de alguma forma nas ruas. Ele foi direto: "Não. Mas o futebol americano não se trata disso. Não sou conhecido, aqui não tem glamour: só amor ao esporte".
Se você quiser saber mais sobre o football, Thyrso indicou três filmes: "Desafiando Gigantes (Facing The Giants, 2006); Duelo de Titãs (Remember the Titans, 2000) e Um Sonho Possível (The Blind Side, 2009).
Por fim, ele destacou a importância do jogo em equipe, que considera ser o diferencial do futebol americano. "Não dá pra ser um Neymar, não existe espaço pra estrelismos nem improvisações. O futebol americano é um quebra-cabeça, onde cada peça é única, e todas dependem umas das outras".
Encerrei a entrevista perguntando a ele se as pessoas o reconhecem de alguma forma nas ruas. Ele foi direto: "Não. Mas o futebol americano não se trata disso. Não sou conhecido, aqui não tem glamour: só amor ao esporte".
Se você quiser saber mais sobre o football, Thyrso indicou três filmes: "Desafiando Gigantes (Facing The Giants, 2006); Duelo de Titãs (Remember the Titans, 2000) e Um Sonho Possível (The Blind Side, 2009).
Texto: Daniel Keppler
Imagens: Arquivo pessoal de Márcio Thyrso
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