A cada mês que passa, a torcida corinthiana fica extasiada com o andamento das obras da nossa Arena. Fica cada vez mais claro que será mesmo um estádio melhor que muitos europeus, talvez um dos mais belos e modernos do mundo, E temos muito orgulho disso.
Ocorre que, também a cada mês que passa, na verdade desde que foi decidido que a Arena (que na época era somente uma maquete) seria sede de São Paulo na Copa-2014 (e mais que isso, sede do jogo de abertura!), temos que nos explicar sobre cada coincidência e detalhe estranho que ronda essa obra.
Detalhes que, apesar de não tornarem essa obra desonesta, pelo menos faz pensar. Ou deveria.
Deveria pois, em momentos onde o Corinthians tem se mostrado o clube mais vendedor, forte e rico das Américas, eficiente na gestão e transparente nas finanças, além de ser o que trata o seu torcedor da forma mais humana e respeitosa no Brasil... merecia nos servir com uma nova casa acima de qualquer suspeita!
Apesar disso, essa semana vem a surpresa: após a Odebrecht começar a externar preocupação com o atraso na liberação dos recursos dos incentivos fiscais e do empréstimo do BNDES, vemos o Ministro da Fazenda, Guido Mantega, intervir na questão pra resolver os problemas e acelerar a liberação da grana.
Isso tudo em uma reunião com o BNDES (um banco do Estado), com o Banco do Brasil (outro banco do Estado) e o Corinthians (que NÃO É do Estado).
Claro que, agora, nessa altura do campeonato, a pressa se justifica, afinal é o estádio da abertura da Copa. Mas não dá pra esquecer que o Corinthians está usando a Copa como ferramenta pra ter sua nova casa em tempo recorde. E isso incomoda.
Incomoda saber que o ex-Presidente da República fez lobby com a Odebrecht pra convencê-la a construir o estádio com garantias financeiras mínimas.
Incomoda saber que a CBF pressionou o Comitê Organizador a trocar a certeza do Morumbi pela (então) dúvida da nossa Arena como sede da Copa em São Paulo por causa de uma disputa eleitoral do Clube dos Treze.
Incomoda saber que por causa da pressa em ter as obras prontas pra Copa, foi-se obrigado a fazer uma engenharia financeira pro pagamento do estádio, que se não é ilegal, está no limite da lei. Usando uma lei de incentivos fiscais que, sim, já beneficiou várias entidades... mas em prol da população - não da própria entidade.
E agora essa, Ministro tendo que intervir em banco estatal pra poder liberar grana de financiamento mais rápido.
Enfim... vou ficar muito orgulhoso da Arena... claro. Mas acredito que nossa diretoria, com sua competência, seria capaz de planejar a construção de uma nova casa de forma bem mais limpa, calma e BARATA. Assim como Grêmio e Palmeiras estão fazendo nesse exato momento.
Mesmo porque o Pacaembu nos serve MUITO BEM, OBRIGADO. A pressa em ter um estádio próprio com as dimensões que merecemos não faz sentido.
Usar a Copa pra construir um estádio de R$ 1 bilhão, com pagamento parcelado em 30 anos graças aos baixos juros do banco do governo... é obrigar o corinthiano a escolher entre o orgulho de ter um novo estádio e a vergonha de ver como isso foi feito. E essa escolha é difícil de ser feita.
Só imagino se, daqui a alguns anos, nossa dívida com o BNDES for perdoada. Seria a cereja do bolo. Só que ao contrário.
Se hoje em dia, rimos e zoamos os são-paulinos com histórias obscuras de como o Morumbi foi construído (dinheiro do governo, doado dentro da lei... lobby do governados do Estado que era torcedor do clube... ), no futuro seremos nós os vilões. Com a diferença de que, contra eles, temos umas poucas informações da década de 1960... enquanto que, contra nós, haverá dezenas de milhares de informações - só da Internet.
Enfim, temos que nos preparar desde já; pois haverá, pra sempre, um enorme asterisco em nossa Arena. Teremos eternas explicações a prestar sobre sua construção, principalmente aos futuros corinthianos que virão.
Nessas horas, será mais importante do que nunca lembrar que o amor pelo Corinthians é maior que tudo... que ter orgulho desse time é mais do que uma opção... ou seja, teremos que pensar com o coração.
Porque, se pensarmos com a cabeça, corre-se sérios riscos de ver o que não se quer. E isso, não quero mais fazer!
Vai Corinthians!
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