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terça-feira, 17 de dezembro de 2013

O futebol, o torcedor, a lei e a pilantragem

O que causa nossa paixão pelo futebol?
O futebol

A principal definição sobre o futebol não está nas páginas de um dicionário, nem nas palavras de um sábio. Por mais que o futebol nada mais seja do que uma correria desorganizada de 22 homens atrás de uma bola, defini-lo de verdade é difícil!

Mas essa dificuldade de definição tem motivo, e ele é simples. O futebol não é apenas um esporte: ele é, na verdade, uma pequena democracia instalada em um campo coberto de grama, onde todos são iguais e prevalece o desempenho dos melhores. Ou pelo menos deveria ser assim.

Em cada uma dessas pequenas democracias, o espírito de luta sobressai a qualquer outro sentimento. A vontade de ser superior ao adversário, jogando com honestidade e isenção, evitando o uso da violência e colocando a honra acima de tudo... tudo isso é o futebol. Ou pelo menos deveria ser assim.

Na sua mecânica, o futebol emprega, enriquece, alegra e apaixona. E nós somos as "vítimas": os torcedores.

O torcedor sofre por futebol, e isso não faz sentido
O torcedor

Nascemos em um país que se intitula a terra do futebol, e não é por acaso. Somos coagidos desde os primeiros dias de vida a ter um time pra chamar de "nosso", para sofrer e vibrar por ele até à morte. Somos criados para acreditar que esse time é a razão do nosso viver, e por causa disso vivemos por ele também.

Por causa dessa paixão cega e sem sentido, criamos e cortamos relacionamentos, gastamos o que não temos, e nos afastamos de nossas famílias de sangue para nos unirmos a uma outra, muito maior: a de clube. Mesmo que nos arrisquemos por isso. Mesmo que em nenhum momento isso faça qualquer sentido.

Por que, então? Se podemos levar nossas vidas adiante sem o futebol, como tantos fazem, por que aceitar esse fardo? O que nos leva a aceitar uma penitência tão pesada, onerosa, desgastante, que é acreditar em algo cujo controle não temos - e nunca teremos?

A resposta é tão dura quanto simples: porque nós acreditamos que o futebol se resolve em campo. Nós temos a certeza de que o que acontece lá é sagrado, incorruptível, inabalável. Mesmo que nada nos garanta que isso seja verdade -  nem mesmo a lei.

O que fazer quando a lei não traz justiça?
A lei

Uma sociedade sem lei estaria condenada à anarquia. Mesmo com ela, pra ser sincero, já somos bem confusos.

Precisamos das leis para que cada cidadão saiba seu limite, e respeite o limite do próximo. Através das leis, cumprimos nossos deveres e aprendemos a respeitar os direitos alheios, e isso permite a vida em sociedade. Através das, temos a certeza de que estamos sujeitos a uma punição impessoal, livre dos vícios daqueles que as aplicam.

Ou pelo menos deveria ser assim.

Sem leis, todos faríamos o que quiséssemos, e nada haveria para nos cobrar a fatura. A lei nos limita, para nosso próprio bem. E nos pune, sempre que fazemos algo errado.

Por isso, precisamos conhecer as leis. Entender o que elas dizem, e obedecê-las. Pois sem esse cuidado, podemos ser vítimas dos que se utilizam da lei para obter sucesso, ainda que esse sucesso não seja merecido, justo.

Afinal, lei não é símbolo de justiça, e nem sempre cumprir a lei é um ato de moralidade. Em certos momentos, o resultado da aplicação da lei é exatamente o inverso disso: a implantação da imoralidade no nosso meio. Por mais revolta que isso possa gerar!

Rolou champagne no tapetão de 1996. E esse ano, rola?
A pilantragem

Quando uma conquista gera benefício próprio, pensar nos meios antes dos fins é difícil. Ainda mais em uma sociedade que valoriza o imediatismo, o jeitinho, o individualismo, e que não incentiva a reflexão sobre o outro.

Para conquistar o que se quer, não há limites. Se a lei não favorece, que se descumpra. Se a torcida condena, que se manipule. Se o futebol perde, que importa? Ele não vai morrer por causa de mais uma virada de mesa.

SIM, Fluminense, virada de mesa SIM. Pois virar a mesa não é um ato necessariamente ilegal. Basta que seja imoral.

Imoral pois prejudicou um time que conseguiu seu direito de disputar a elite do Campeonato Brasileiro em campo, jogando com força, garra e coragem.

Imoral pois dependeu de uma mais que conveniente mudança de entendimento do falido e contaminado STJD, tribunal que se submete à CBF e mesmo assim julga os delitos ocorridos em suas competições.

Imoral pois subverteu a lógica do mais fraco, e porque mostra que nem todos os campeões do Brasil têm honra o bastante para pagar em campo o que "conquistou" em campo - assim como já fizeram nove times.

Imoral, simplesmente. O Brasileirão 2013 já está relegado à lata de lixo, graças a mais um rolo em tribunais favorecendo vocês.

Apenas para encerrar, deixo uma pergunta aqui: é realmente melhor ser odiado por todos no Brasil, pra sempre, do que viver uma temporada na Série B, limpando um pouco da lama que inunda as Laranjeiras desde 1996?


2 comentários:

  1. MITOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO

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  2. Mais uma vez, como de costume nesse país, a ''lei'' só existe para quem tem dinheiro, tudo bem que a Portuguesa merecia uma punição, mas isso prova mais uma vez que só se obedece a lei quando é conveniente, vide o caso Tartá em 2010. Lamentável que tenhamos chegado a esse ponto, e não só o futebol brasileiro, o futebol sulamericano de modo geral está uma várzea faz tempo.

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