O que causa nossa paixão pelo futebol? |
A principal definição sobre o futebol não está nas páginas de um dicionário, nem nas palavras de um sábio. Por mais que o futebol nada mais seja do que uma correria desorganizada de 22 homens atrás de uma bola, defini-lo de verdade é difícil!
Mas essa dificuldade de definição tem motivo, e ele é simples. O futebol não é apenas um esporte: ele é, na verdade, uma pequena democracia instalada em um campo coberto de grama, onde todos são iguais e prevalece o desempenho dos melhores. Ou pelo menos deveria ser assim.
Em cada uma dessas pequenas democracias, o espírito de luta sobressai a qualquer outro sentimento. A vontade de ser superior ao adversário, jogando com honestidade e isenção, evitando o uso da violência e colocando a honra acima de tudo... tudo isso é o futebol. Ou pelo menos deveria ser assim.
Na sua mecânica, o futebol emprega, enriquece, alegra e apaixona. E nós somos as "vítimas": os torcedores.
O torcedor sofre por futebol, e isso não faz sentido |
Nascemos em um país que se intitula a terra do futebol, e não é por acaso. Somos coagidos desde os primeiros dias de vida a ter um time pra chamar de "nosso", para sofrer e vibrar por ele até à morte. Somos criados para acreditar que esse time é a razão do nosso viver, e por causa disso vivemos por ele também.
Por causa dessa paixão cega e sem sentido, criamos e cortamos relacionamentos, gastamos o que não temos, e nos afastamos de nossas famílias de sangue para nos unirmos a uma outra, muito maior: a de clube. Mesmo que nos arrisquemos por isso. Mesmo que em nenhum momento isso faça qualquer sentido.
Por que, então? Se podemos levar nossas vidas adiante sem o futebol, como tantos fazem, por que aceitar esse fardo? O que nos leva a aceitar uma penitência tão pesada, onerosa, desgastante, que é acreditar em algo cujo controle não temos - e nunca teremos?
A resposta é tão dura quanto simples: porque nós acreditamos que o futebol se resolve em campo. Nós temos a certeza de que o que acontece lá é sagrado, incorruptível, inabalável. Mesmo que nada nos garanta que isso seja verdade - nem mesmo a lei.
O que fazer quando a lei não traz justiça? |
Uma sociedade sem lei estaria condenada à anarquia. Mesmo com ela, pra ser sincero, já somos bem confusos.
Precisamos das leis para que cada cidadão saiba seu limite, e respeite o limite do próximo. Através das leis, cumprimos nossos deveres e aprendemos a respeitar os direitos alheios, e isso permite a vida em sociedade. Através das, temos a certeza de que estamos sujeitos a uma punição impessoal, livre dos vícios daqueles que as aplicam.
Ou pelo menos deveria ser assim.
Sem leis, todos faríamos o que quiséssemos, e nada haveria para nos cobrar a fatura. A lei nos limita, para nosso próprio bem. E nos pune, sempre que fazemos algo errado.
Por isso, precisamos conhecer as leis. Entender o que elas dizem, e obedecê-las. Pois sem esse cuidado, podemos ser vítimas dos que se utilizam da lei para obter sucesso, ainda que esse sucesso não seja merecido, justo.
Afinal, lei não é símbolo de justiça, e nem sempre cumprir a lei é um ato de moralidade. Em certos momentos, o resultado da aplicação da lei é exatamente o inverso disso: a implantação da imoralidade no nosso meio. Por mais revolta que isso possa gerar!
Rolou champagne no tapetão de 1996. E esse ano, rola? |
Quando uma conquista gera benefício próprio, pensar nos meios antes dos fins é difícil. Ainda mais em uma sociedade que valoriza o imediatismo, o jeitinho, o individualismo, e que não incentiva a reflexão sobre o outro.
Para conquistar o que se quer, não há limites. Se a lei não favorece, que se descumpra. Se a torcida condena, que se manipule. Se o futebol perde, que importa? Ele não vai morrer por causa de mais uma virada de mesa.
SIM, Fluminense, virada de mesa SIM. Pois virar a mesa não é um ato necessariamente ilegal. Basta que seja imoral.
Imoral pois prejudicou um time que conseguiu seu direito de disputar a elite do Campeonato Brasileiro em campo, jogando com força, garra e coragem.
Imoral pois dependeu de uma mais que conveniente mudança de entendimento do falido e contaminado STJD, tribunal que se submete à CBF e mesmo assim julga os delitos ocorridos em suas competições.
Imoral pois subverteu a lógica do mais fraco, e porque mostra que nem todos os campeões do Brasil têm honra o bastante para pagar em campo o que "conquistou" em campo - assim como já fizeram nove times.
Imoral, simplesmente. O Brasileirão 2013 já está relegado à lata de lixo, graças a mais um rolo em tribunais favorecendo vocês.
Apenas para encerrar, deixo uma pergunta aqui: é realmente melhor ser odiado por todos no Brasil, pra sempre, do que viver uma temporada na Série B, limpando um pouco da lama que inunda as Laranjeiras desde 1996?
MITOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO
ResponderExcluirMais uma vez, como de costume nesse país, a ''lei'' só existe para quem tem dinheiro, tudo bem que a Portuguesa merecia uma punição, mas isso prova mais uma vez que só se obedece a lei quando é conveniente, vide o caso Tartá em 2010. Lamentável que tenhamos chegado a esse ponto, e não só o futebol brasileiro, o futebol sulamericano de modo geral está uma várzea faz tempo.
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