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segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

E se a FIFA tivesse assumido a Copa Intercontinental em 1960?


O Mundial de Clubes desse ano começou no dia 11, disputado pela primeira vez no Marrocos. Já foram disputados três jogos, e quem viu pôde perceber que, apesar do nível técnico ser realmente bem mediano, a emoção dos jogadores e da torcida por estarem vivendo aquele momento é tudo.

O jogo inaugural, entre Raja Casablanca (campeão marroquino) e Auckland City (campeão da Oceania) foi especial nesse sentido. O gol da classificação do time da casa ocorreu no último minuto, e simplesmente derrubou os neozelandeses. O semblante daqueles atletas foi indescritível, ao perceberem que tinham perdido a chance de chegar às quartas-de-final.

Isso nos faz lembrar que os jogadores que não são dos grandes centros do futebol veem o esporte de um jeito diferente, mais próximo de como era no mundo todo há algumas décadas. Pra eles, até hoje, a paixão prevalece ao "business", e uma taça não é a única forma de medir o sucesso.

Vencer o primeiro jogo já foi como um título para o Raja!
É isso que faz do Mundial de Clubes um torneio completamente especial, único. E é isso que me impede de pensar que qualquer outro torneio possa ter esse status. Por mais que torneios como a Taça Intercontinental ou a Copa Rio fossem o máximo que um time pudesse conquistar, cada um em sua época. Isso também é inquestionável.

Mas o fato de ser o máximo a se conquistar não transforma o torneio num Mundial. Seria como, em época de Natal, um sujeito comprar sardinha ao invés de bacalhau e achar que dá no mesmo. Não dá, por mais que ambos sejam peixes!

[Sim, eu sei que o bacalhau é o processo de dessalga que se faz em algumas espécies de peixes, mas não sejam tão literais!]

Depois que acabei de ver o VT de Raja x Monterrey, me peguei pensando em como seria se a FIFA tivesse assumido a organização da Taça Intercontinental no lugar de CONMEBOL e UEFA, lá em 1960, e tivesse feito o necessário pra dar ao torneio o "status" mundial: convidar todos os campeões continentais.

Imaginando que, de 1960 a 2004, a Taça Intercontinental fosse na verdade um Mundial da FIFA, dá pra fazer um ótimo exercício de reflexão... por exemplo, pensei em algumas coisas sobre como esses Mundiais poderiam ter sido:

1 - A criação de um Mundial de fato em 1960 teria acelerado a criação dos torneios continentais fora do eixo Europa-América do Sul, que começaram a surgir a partir de 1962 apenas. Isso pois as confederações teriam de indicar seu representante para o torneio;

2 - As edições da Taça Intercontinental foram disputadas, ou com jogos nos países dos times participantes (1960-79) ou no Japão (1980-2004). Isso não ocorreria se fosse um Mundial, pois a FIFA tem por hábito organizar seus torneios em países-sede, e isso também teria acelerado aquele processo de desenvolvimento que citei no item 1;

3 - Sendo disputados em países-sede, previamente escolhidos, diminuiriam as chances de alguma equipe desistir da disputa, como muitos europeus fizeram na década de 1970, entre outros motivos, por medo de virem à América do Sul. Especialmente na Argentina e Uruguai;

4 - Também por causa da disputa em países-sede, possivelmente a FIFA faria valer a indicação dos campeões nacionais para o torneio. Isso seria importante especialmente nas primeiras edições, que não contariam com todos os continentes representados. Penso assim pois a FIFA sempre deu vaga direta ao país-sede na Copa do Mundo de seleções, então o mais lógico é imaginar que o mesmo seria feito no de clubes desde o "início";

5 - Incluindo os outros campeões continentais, haveria chances de uma surpresa acontecer nesses eventuais Mundiais. Por que trata-se de um torneio de tiro curto, em mata-mata. Bastaria uma má exibição para correr riscos! A prova disso é que o Mundial só precisou chegar à 7ª edição para ver um time de fora do eixo na final - no caso, o Mazembe, em 2010. Agora, imaginem o que não poderia ocorrer nos 44 anos em que só dois times se sentiam no direito de ser "o melhor do mundo"?

6 - Por último, o mais importante: se o Mundial tivesse sido criado em 1960, no lugar da Taça Intercontinental, não haveria esse debate eterno entre os que reconhecem e os que não reconhecem o segundo torneio. O Mundial de Clubes já teria nada menos que 53 edições e talvez fosse hoje um torneio muito mais desejado do que é hoje, principalmente para os europeus - que até gostam de disputar o torneio, mas vibram mesmo é com a Champions League.

Dito isto, fui à pesquisa para tentar descobrir: como a Taça Intercontinental seria se fosse um Mundial de Clubes de fato?

Nem todas as edições teriam os seis clubes, representando os seis continentes. Dessa forma,.o número de participantes iria variar de ano a ano. Confira abaixo como ficariam as edições desse "Mundial" nos anos em que brasileiros estariam na disputa:

1962: 4 times
Santos (BRA)
Benfica (POR)
Chivas Guadalajara (MEX)
Campeão nacional do país-sede

1963: 4 times
Santos (BRA)
Milan (ITA)
Racing Club (HAI)
Campeão nacional do país-sede

1976: 5 times
Cruzeiro (BRA)
Bayern München (ALE)
Águila (ELS)
MC Alger (AGL)
Campeão nacional do país-sede

1981: 5 times
Flamengo (BRA)
Liverpool (ING)
Transvaal (SUR)
JE Tizi-Ouzou (AGL)
Campeão nacional do país-sede

1983: 5 times
Grêmio (BRA)
Hamburgo (ALE)
Atlante (MEX)
Asante (CAM)
Campeão nacional do país-sede

1992: 6 times
São Paulo (BRA)
Barcelona (ESP)
América (MEX)
Wydad Casablanca (MAR)
Al-Hilal (ARA)
Campeão nacional do país-sede

1993: 6 times
São Paulo (BRA)
Milan (ITA) [O campeão europeu, Olympique (FRA), foi suspenso de competições internacionais]
Deportivo Saprissa (CRC)
Zamalek (EGI)
Pas Theran (IRA)
Campeão nacional do país-sede

1995: 6 times
Grêmio (BRA)
Ajax (HOL)
Deportivo Saprissa (CRC)
Orlando Pirates (AFS)
Thai Farmers (TAI)
Campeão nacional do país-sede

1997: 6 times
Cruzeiro (BRA)
Borussia Dortmund (ALE)
Cruz Azul (MEX)
Raja Casablanca (MAR)
Pohang Steelers (CDS)
Campeão nacional do país-sede

1998: 6 times
Vasco (BRA)
Real Madrid (ESP)
DC United (EUA)
ASEC Mimosas (CDM)
Pohang Steelers (CDS)
Campeão nacional do país-sede

1999: 7 times
Palmeiras (BRA)
Manchester United (ING)
Necaxa (MEX)
Raja Casablanca (MAR)
Jubilo Iwata (JAP)
South Melbourne (AUS)
Campeão nacional do país-sede

Bom, a grande pergunta é: será que isso mudaria alguma coisa? Algum título teria mudado de mãos? 

Não sei, mas não dá pra negar, por exemplo, que o terceiro jogo entre Santos e Milan, em 1963, teve uma participação decisiva das centenas de milhares de torcedores, que foram ao Maracanã apoiar os brasileiros. Se o Mundial-1963 fosse em um país neutro, o Santos teria vencido?

Zebras poderiam ter ocorrido. Será que times como o Atlético Nacional, o Colo Colo ou o Once Caldas não poderiam sentir a pressão, e cair numa semifinal? Ou será que algum mexicano não seria capaz de aprontar algo, em algum momento da competição?

Para ilustrar isso, trago a vocês um dado: entre 1968 e 1998, foi disputado um torneio entre os campeões da Libertadores e da Copa dos Campeões da CONCACAF, chamado de Copa Interamericana. Era uma Copa Intercontinental das Américas. E das 18 edições disputadas, os sulamericanos perderam 4 vezes: 1977 (América-MEX venceu o Boca Juniors-ARG), 1980 (Pumas-MEX venceu o Nacional-URU), 1990 (América-MEX venceu o Olimpia-PAR) e em 1998 (DC United-EUA venceu o Vasco-BRA).

Estou citando isso pois, em dois desses 4 casos, o time sulamericano que perdeu a Copa Interamericana acabou vencendo a Copa Intercontinental em cima do campeão europeu (1977 e 1980). Ou seja, não é impossível imaginar que algum time intruso pudesse "furar" o domínio dos europeus e sul-americanos, caso o Mundial tivesse sido criado em 1960.

Boca Juniors em 1977: campeão da Copa Intercontinenal, mas vice da Taça Interamericana 
Se você quiser ver a lista completa com todos os campeões continentais entre 1960 e 2004, clique nesse link. Será que tudo teria sido como foi?

Espero que tenham gostado do post! Escrevam nos comentários quais surpresas vocês acham que poderiam acontecer!

9 comentários:

  1. Parabéns Keppler, as informações foram muito exclarecedoras e demonstrando a fonte, escrevi sobre seu post no blog do Birner, e ele como sempre tentando desmerecer quem pensa diferente, ainda com tantas provas como vc. pos no 7 verdades sobre a copa intercontinental. Parabéns

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  2. Se a FIFA tivesse organizado e reconhecido a Copa Intercontinental como Mundial de Clubes desde 1960,(sonho dos antis)acredito que não haveriam mais dúvidas em relação ao título de campeão mundial.Todo mundo seria unânime em reconhecer a legitimidade desse título.Essa discussão aparentemente não iria muito longe mas.......com ABSOLUTA CERTEZA,se a questão a respeito do Mundial de Clubes fosse solucionada,o Sr.Daniel Keppler estaria,de forma muito equilibrada e inteligente diga-se de passagem,escrevendo um post a respeito de um campeonato de baralho,bolinha de gude,guerra de mamona....enfim,algum título que o alvinegro de Parque São Jorge não tenha conquistado(putz!difícil né?)Porque só assuntos desse tipo geram polêmicas colossais e consomem páginas e mais páginas dos jornais,tempos absurdos de programas esportivos na tv,debates intermináveis,dores de cotovelos sem fim,sites,blogs......e o que mais os meios de comunicação oferecerem.E tudo isso sabem por quê?Porque além,muito além das polêmicas,debates,questionamentos,a respeito do real valor de determinada competição,se vale,se não vale,ou o quanto vale?Quem eram os participantes?Quantas equipes eram?Quem eram os mais fortes?Muito além dessas coisas,está o motivo de tudo isso.Dessas discussões,as vezes de um certo inconformismo,e principalmente,de um monstruoso INCÔMODO.SPORT CLUB CORINTHIANS PAULISTA é a razão.Sempre foi assim.Devemos isso aos antis.Nesse ponto eles estão certos:nós incomodamos MUUUIIITTTOOO!!!!!!

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    1. Você é retardado ou fanático mesmo ? Inveja do Corinthians ?

      Um time que demorou pra caramba pra ganhar um brasileiro que só venceu em 1990 !

      Teve que inventar títulos " de mentirinha" como Jonh Caranza sei lá o nome, pra dizer que não ficou anos sem títulos de verdade.

      Isso é motivo de ter inveja, kkkkkkkkkkkkk


      Corinthians ganhou DEPOIS do rival SPFC os títulos importantes que tem, então chora
      gambá rsrs

      Incomoda mesmo, porque sempre roubam à favor de vocês e nada acontece, por isso são mais odiados fato de não gostar não significa que tem inveja, então se você não gosta de um bandido que está na cadeia quer dizer que você tem inveja dele ? Claro que não.

      Se fosse seu time que tivesse vencido uma Intercontinental (que deveria ter vencido) você estaria escrevendo essas merda ? não

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    2. Essa aí se descontrolou rápida demais.Viu como incomodamos?Desceu do salto e rodou a baiana.Aposto e ganho que é menudo do panetone.Adoram(dar)chilique.Não mudam nunca.

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    3. Chamar o Ramón de Carranza de "torneio de mentirinha" já mostra bem o nível de conhecimento que o sujeito tem de futebol. Nem vou me dar ao trabalho de argumentar.

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    4. América do México com ctz teria Mundial... Parabéns! Sou fanático e pesquiso o futebol antigo e Intercontinental é um título sim mas um pouco mais valioso que a Recopa Sul-Americana e a Super Copa da Uefa em que reúnem apenas os 2 campeões continentais em um ''jogo único'' pra não falar aquela palavra que os antis piram kkkk Abraço e continue com essa paciência com os pobres infelizes que vierem criticar seu trabalho por puro clubismo, não teria seu sangue de barata...

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  3. MAIS UM MOTIVO DE A FIFA ANALIZAR O TORNEIO DE PARIS DE 1957 PORQUE OS OUTROS CAMPEÕES CONTINENTAIS DE CLUBES SÓ FORAM EXISTIR NOS ANOS 60 PRA CÁ . ROBINHO C.G.

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  4. O Mundial de 2000 só aconteceu pq não tinha mundial até 1999 , talvez se o mundial de 1999 tivesse sido realizado no Brasil vencêssemos , isso tb poderia ocorrer em 2000 , aí entraríamos como campeões do br 1999, já q não haveria tempo para indicar o campeão brasileiro de 2000 ,q inicialmente só seria conhecido em 30/12 , como teve o acidente de São Januário , ficou para 18/01/2001 a decisão daquele BR

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  5. Observação: o campeão norte-americano de 1983 foi apurado somente em 1984, muitos meses após o Grêmio derrotar o Hamburgo, tanto que o Tricolor Gaúcho, ao invés de disputar a Interamericana, promoveu uma Panamericana contra o América (MEX), em Los Angeles, alguns dias depois do histórico jogo de Tokyo, e venceu os mexicanos. Só ficou faltando o Asante Kotoko, mesmo.

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