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segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Tapetão: a chave de lata do Campeonato Brasileiro-2013


Brasileiro tem uma mania de ser saudosista. Pra nós, o que foi sempre é melhor do que o que é, ou o que vai ser. A cada ano que passa, as memórias substituem as expectativas e precisamos nos lembrar das glórias do passado pra manter a esperança em um bom futuro .

Isso não deixa de se aplicar à nossa maior paixão, o futebol. Nos lamentamos ao ver a atual Seleção Brasileira, e suspiramos pelo show de bola de times como o de 1982, por exemplo... que não ganhou nada mas encantou a todos e virou exemplo de futebol bem jogado. 

Nos clubes, isso também acontece. As comparações entre os times de hoje e os de ontem são recorrentes. Para uns mais (né santistas?), para outros menos (se bem que perguntas como "qual o melhor time, o de 2000 ou o de 2012?" rondam as cabeças da Fiel há tempos).

Mas às vezes, essa impressão de que o passado é melhor tem seu fundo de verdade - e até mesmo de NECESSIDADE. O Campeonato Brasileiro joga isso na nossa cara a cada rodada, ruim, enfadonha e sem emoção alguma.

Campeão definido com (MUITA) antecedência; rebaixados também; gols em processo de escassez; pouquíssimas viradas na tabela - quem começou em cima, ficou em cima, e vice-versa; estádios vazios - e isso ficou mais flagrante ainda, com as arenas; torcidas implorando pelo fim da temporada, com muito Bom Senso.

Ah, como eram bons os tempos de mata-mata. Quando eu presenciei, por exemplo, um líder perder sete seguidas e ficar fora das quartas-de-final na última rodada (Palmeiras-2001), ou quando eu vi um time mais do que limitado ganhar sua vaga na bacia das almas e ser campeão contra todas as expectativas (Santos-2002).

O que me fez ter esse surto de saudosismo foi essa notícia aqui, sobre uma tentativa de tapetão que Coritiba, Vasco e Fluminense vão tentar perpetrar contra Criciúma e Portuguesa. Desde que o Brasileirão entrou na era dos pontos corridos, não havia notícia dessas tentativas de golpe. Tantos times grandes foram rebaixados, e todos disputaram a Série B no ano seguinte.

Mas nesse ano, não. Parece que os cariocas não estão dispostos a largar a elite tão fácil assim. Como ocorreu em 2000, no 'misterioso' acesso do Fluminense da Série C para a A, sem passar pela B. Um absurdo completo.

Tenho que ser sincero, nós também já fomos beneficiados pela desorganização da CBF nos campeonatos pré-2003. Houvesse rebaixamento em 2000, e teríamos caído, pois ficamos em penúltimo lugar. Mas enfim.

Hoje em dia, a grande maioria dos clubes organizaram suas diretorias, adquiriram alguma seriedade. O Campeonato Brasileiro cresceu em importância no mundo e adquiriu algum respeito. Graças à simplicidade da fórmula usada nos últimos 11 anos. Isso é um ponto positivo, fato.

Mas, há algum tempo os pontos corridos estão dando mostras de que não estimula a competitividade como deveria. Nem clubes, nem torcida mostram, hoje em dia, aquela gana de vencer. Se, em agosto ou setembro, o clube está longe da liderança, disputar o título começa a perder o sentido - e o interesse pela competição despenca - e isso vale para jogadores e para milhões de torcedores que deixam de dar à competição mais importante do país a devida importância. E isso não pode ser admissível.

Não bastasse isso tudo, o fim cada vez mais antecipado do Brasileirão dá margem a suspeitas de jogos entregados ("Faz logo outro, pô!"), o que é menos admissível ainda.

Em época de protestos dos jogadores, de ameaça de greve, de discussões com a CBF, é mais do que hora de os clubes mostrarem sua força e se organizarem para devolver a emoção ao Campeonato Brasileiro. Devolver ao torneio o sentido da disputa, o senso de competição que há tempos foi esquecido. Para isso, não precisamos "inventar" fórmulas...

Porque não organizar uma final entre os campeões do turno e returno, para definir o campeão brasileiro? Ou semifinais entre campeão e vice?

Porque não dividir os times em grupos regionais bem disputados e criar uma fase final, no fim do ano, com os melhores colocados?

Porque não voltar ao formato de quartas-de-final, que lotava estádios no fim do ano e eletrizava torcidas em todo o Brasil?

Não concordo com a ideia de meritocracia dos pontos corridos. Passar por eliminatórias também exige competência, qualidade. A prova disso foi o sucesso dos campeões brasileiros da década de 1990 nas competições internacionais!

A cada ano, o Brasileirão de pontos corridos surpreende negativamente. E esse ano, podemos ter uma tentativa vergonhosa de tapetão encerrando a temporada com chave de lata.

Mas o pior, talvez, é saber que isso não é nada mais do que esse torneio merece: uma bela chave de lata, bem velha e enferrujada.

2 comentários:

  1. Já era futebol agora é tudo comprado , infelizmente '

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  2. Pra mim, o ideal seria uma Série A com 16 ou 18 clubes, em turno e returno com pontos corridos. Ao final, os quatro primeiros fariam semifinal e final em jogos únicos, com o mando de campo para o melhor colocado. Acho muito se classificar os oito primeiros, principalmente hoje que o nível técnico anda baixo.

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