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segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

O que justifica o ataque gratuito das autoridades contra as torcedoras?

Várias bolsas femininas tiveram que ser abandonadas pelas suas donas, graças a uma proibição sem sentido da FPF (Foto: Rafa Gmeiner)
A partida de ontem (22) pela Copa São Paulo, que classificou o Corinthians para a grande final do torneio, teve tudo para ser só motivo de alegrias para a torcida que foi à Arena Barueri. Isso, claro, se não fosse a Federação Paulista, que não se cansa de inventar arbitrariedades para prejudicar os torcedores - ou, no caso, as torcedoras.

O absurdo da vez foi o seguinte: seguindo determinação da FPF, a Polícia Militar PROIBIU a entrada de bolsas no estádio. Sim, bolsas. Se a torcedora quisesse entrar e assistir ao jogo, deveria simplesmente abandonar sua bolsa do lado de fora do estádio. Pior: sem nenhuma garantia de que ela estaria no mesmo lugar quando o jogo acabasse. Obviamente que a grande maioria não estava.

Foi o que aconteceu com Rafa Gmeiner e sua esposa Luciane. Conversei com ele por telefone para entender o que aconteceu, e a conversa só deixou mais claro o nível do absurdo que foi cometido.

"A bolsa dela era pequena, só tinha espaço pra documentos e um livro pequeno que ela havia pego na estação. Mas ao chegar no estádio, durante a revista, a policial lhe disse que a bolsa não poderia entrar. Nem olharam a bolsa, só disseram que não entraria", contou Rafa. Segundo ele, após Luciane tirar os pertences de valor a bolsa foi amarrada em uma grade, onde outras já estavam presas, apesar do aviso dos policiais de que, como eles não se responsabilizariam pela guarda daquele material, provavelmente elas não estariam lá ao fim da partida, afinal as bolsas já estavam sendo "vigiadas" por pessoas ao redor do estádio. "Eles diziam que só estavam cumprindo ordens da Federação Paulista, mas não achei ninguém no estádio para questionar, nem qualquer aviso escrito comunicando a proibição. O voucher também não informava sobre essa proibição", completou, indignado.
O voucher não contém qualquer aviso sobre a proibição de bolsas no estádio (Foto: Rafa Gmeiner)
Para tornar a situação ainda pior, um dos policiais afirmou que a medida "visava a segurança" da torcida. Ora, que risco uma bolsa pode oferecer aos torcedores ou ao jogo? Ou, nas palavras do Rafa: "que tipo de segurança é essa que proíbe a entrada de bolsas mas não consegue barrar os isqueiros dos que fumavam cigarro e maconha durante o jogo? E as necessidades das mulheres, ou mesmo das crianças que foram assistir ao jogo e perderam seus pertences?". Fica clara e flagrante a total inversão de prioridades dos cartolas da federação.

Conversei com outro torcedor, Matheus Aleixo, que compareceu  todas as partidas do Juventus na Rua Javari, e ficou escancarada a falta de critério da PM para fazer cumprir esse desmando da FPF. "Eu fui em todos os jogos do Juventus na Javari, e como ia direto do trabalho sempre ia com uma mochila, para guardar as roupas, documentos. Nunca precisei deixar do lado de fora. A polícia revistava e me deixava entrar. Só não entrava desodorante, guarda-chuva, nada que pudesse servir de arma. De resto, não houve nenhum problema", declarou ele.

Sendo assim, fica a pergunta óbvia: por que raios a polícia revista e permite a entrada do torcedor com mochila, mas obriga a torcedora a abandonar sua bolsa do lado de fora do estádio? Algo explica essa atitude no mínimo contraditória da PM? E afinal de contas, a entrada de bolsas no estádio é ou não é proibida?
Mochilas masculinas entram... bolsas femininas não. Como explicar? (Foto: Rafa Gmeiner)
Também conversei com colegas jornalistas que me asseguraram: essa proibição ocorre desde o início do torneio. Apesar disso, não há no regulamento da Copinha qualquer citação a respeito dessa medida, muito menos no Regulamento Geral de Competições da FPF.

Entrei em contato com a Ouvidoria da Federação Paulista (ainda que sem muita esperança de resposta) e enviei perguntas sobre esse caso. Entre outras coisas, questionei o porquê da proibição, os motivos pelos quais não houve comunicação expressa da mesma aos torcedores e se não havia meios de providenciar espaço para a guarda desse material, já que não se trava de uma informação largamente publicizada! Caso haja alguma resposta, será publicada.

Enquanto isso, o torcedor sofre com um duplo prejuízo: financeiro, por perder pertences graças a um ataque totalmente gratuito da Federação Paulista; e moral, por se ver abandonado em um momento de lazer, justamente por aqueles que deveriam proporcionar o suporte necessário para torcerem em paz e com um mínimo de conforto. Perceber que esse tipo de abuso ocorre justamente em um momento onde se lamenta o distanciamento das famílias dos estádios só torna a situação ainda mais cruel.

Agradeço ao Rafa e ao Matheus por conversarem comigo, e especialmente à página Loucas Por Ti Corinthians que denunciou essa história primeiro, lá no Facebook.


E você, já sofreu algum abuso parecido nessa Copinha ou em algum outro torneio? Denuncie neste post!

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