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quarta-feira, 14 de maio de 2014

Príncipe árabe na Arena? Não tenho tanta certeza...


Fala Fiel!

Há dois dias, começou a circular na mídia um boato sobre a visita de um príncipe árabe à Arena Corinthians, no jogo do próximo domingo. Um tempo depois, surgiu o nome de Alwaleed Bin Talal Alsaud, um príncipe saudita bilionário, dono de ações do Citigroup e de várias outras empresas. 

Tentado pela ideia de ter uma pessoa de tal expressão disposta a investir no meu amado Corinthians, comecei a pesquisar sua vida e escrever sobre ele, aqui no blog. Seria um texto em formato de lista, com algumas curiosidades a respeito do possível investidor, que compraria nossos Naming Righs com a mesma facilidade com que comprou, anos atrás, um iate gigantesco por US$ 500 milhões (sim, ele fez isso).

O iate de US$ 500 milhões - mais caro que nossos NR's
Mas aí, bateu a dúvida. O príncipe Talal é árabe. E o Andres Sanchez está negociando com o ADIA (Abu Dhabi Investment Authority), dos Emirados Árabes. Seria mesmo ele o tal príncipe? 

Pensei então: "Vamos fazer um bom jornalismo e investigar isso a fundo... vamos ver o que originou o boato!

E então cheguei ao Futebol Etc, blog hospedado no site da Band e mantido pelo jornalista Marcondes Brito. No texto  (link) publicado no último dia 12 de maio, Brito escreve:

"O primeiro jogo oficial do Corinthians no Itaquerão, domingo, contra o Figueirense, pode ter um espectador especial: um príncipe árabe, dono do Abu Dhabi Investiment Authority, empresa que negocia com Andrés Sanchez a compra do naming rights do estádio."

E então minhas dúvidas começaram a virar incredulidade. O sinal de alerta acendeu na minha cabeça... e por três motivos flagrantes:

1 - O ADIA (Abu Dhabi Investment Authority) é o fundo soberano dos Emirados Árabes. Foi criado em 1976 e, por acaso, é também o maior fundo soberano do mundo em ativos (nada menos que US$ 875 bilhões). 

Um fundo soberano é um instrumento financeiro GOVERNAMENTAL que utiliza as reservas de um país, e administra as divisas provenientes da venda de recursos minerais e petróleo no mercado financeiro. Logo, é um órgão do governo dos Emirados Árabes. Não pode ter um dono! Tem, no máximo, um Conselho de Diretores, liderados por um Presidente.

2 - Mesmo que o ADIA pudesse ter um dono, não poderia ser o príncipe Talal, e por um simples motivo: o príncipe Talal é saudita, nasceu na Arábia Sautida - país próximo aos Emirados Árabes, mas independentes um do outro. Logo, para os Emirados Árabes, o príncipe é um ESTRANGEIRO.

3 - Foi o que me chamou mais atenção no texto do Marcondes. Na verdade, é um detalhe, que pode parecer bobo mas NÃO É. Ele cita que a pessoa que virá ao Brasil é um "príncipe árabe". Mas o título real usado nos Emirados Árabes NÃO É PRÍNCIPE, e sim XEQUE, ou SHEIKH. E isso faz toda a diferença.

Além disso, a definição de "árabe" pode se aplicar a quase todos os países do Oriente Médio, inclusive à Arábia Saudita e aos Emirados Árabes.


Então, de onde surgiu o nome do principe Talal?

Bem, encontrei duas correlações entre a ADIA e ele. Primeiro: ele foi, em 2007, o primeiro a fazer uma encomenda particular do Airbus A-380, o maior avião do mundo (reportagem da IstoÉ a respeito nesse link), enquanto o ADIA foi o primeiro grupo a adquirir o avião para uso comercial, em nome da companhia aérea Etihad; Segundo: ele e a ADIA disputaram, milhão a milhão, o posto de maior acionista individual do Citigroup, também em 2007. O príncipe acabou ficando em segundo nessa briga.

Talvez, alguém tenha dado um Google em "ADIA + príncipe árabe" e chegou ao nome do príncipe Talal. Mas eles nunca se relacionaram - e nem poderiam - a nível de gestão.

--x--

Logo, o que se conclui do texto do Marcondes, na prática é: não diz coisa com coisa, e é pura especulação com gravíssimos erros, que uma pesquisa de 20 minutos na Internet evitariam. Depois de tê-la feito, não sei mais se confio na informação de que alguém envolvido nas negociações dos NR's realmente virá ao Brasil.

Pode ser que venha, de fato, e a informação tenha chegado truncada ao Marcondes. Mas pode ser que seja puramente invenção. Daquelas que rendem muitos likes e shares nas mídias sociais. 

Teremos que esperar pra ver. Mas até lá, não sei mais quem vem vsitar a gente. Se é que alguém vem. É esperar pra ver!

Fontes: Wikipedia - várias páginas, Istoé, ADIA (página oficial)

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