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quarta-feira, 12 de março de 2014

A homofobia, a provocação, o falso moralismo e a hipocrisia

Chamar são-paulino de bambi não é algo exatamente recente. Começou lá atrás, há uns 15 anos, com o Vampeta. Foi só uma das várias provocações feitas por ele contra nossos rivais, em uma época onde o futebol (e a própria sociedade, como um todo) tinham muito mais jogo de cintura pra aceitar, repelir e conviver com esse tipo de atitude.

Veio o século XXI, e com ele surgiu a onda do fair play, do "politicamente correto". Não existe mais cego, existe deficiente visual. Anão é coisa do passado, agora é "pessoa com nanismo". Apelido na escola não existe mais, hoje isso é bullying - afinal é mais fácil reprimir do que educar.

Brincadeira típica de rival. Recebíamos e respondíamos à altura. E ponto.
O esporte acabou afetado, óbvio. Hoje em dia os atletas são pressionados a serem exemplos 24 horas por dia, mestres na arte de ser gentis e donos de reputação ilibada. Aos poucos, todas as atitudes "fora do quadrado" estão se tornando punitivas, restringindo a livre expressão e o direito à personalidade individual ao zero. E o espetáculo só perde em graça.

Pra quem deu uma fugida do Brasil no fim de semana e só voltou agora, estou falando disso aqui:


Eu estava lá e posso relatar como tudo ocorreu. O "movimento" começou meio tímido no tobogã, se espalhou pelo setor e chegou às arquibancadas. A partir daí, não houve perdão. Se o Ceni tocava na bola, ouvia.

Não houve nada organizado, nem houve nenhum direcionamento do grito, destinado a ofender, insultar ou destilar ódio contra o Rogério. O clima não era de agressão, nem perto disso. A reação imediatamente posterior ao grito era a de rir, e rir bastante. Pra ser sincero, RACHEI DE RIR após cada grito!

Justamente porque tratava-se de um sarro, como tantos outros que cansamos de ver no Brasil, e no mundo inteiro. No futebol e em qualquer outro jogo, aliás: em qualquer competição, convenhamos.

Eu, pessoalmente, gritei sim em alguns momentos, em outros não. Mas quando deixei de gritar, não foi por qualquer temor de ser chamado de homofóbico, ou por ter vergonha da atitude. Sabem porque?

Por um motivo só: em nenhum momento aquele grito ensurdecedor tinha a intenção de caracterizar homofobia, ou ódio. Era, seria hoje e continuará sendo uma coisa só: PROVOCAÇÃO. Simples assim!

O Ricardo Taves, do Blog do Torcedor (Globo Esporte) definiu com perfeição do que se tratou o "bicha":

"A questão é que no futebol, “bicha” significa outra coisa. Se Rogério realmente fosse homosexual, talvez pudéssemos partir para esse lado. Mas “bicha” no futebol, e no caso do SPFC, batizado de “bicharada”, é reflexo de uma atitude arrogante, de nariz empinado, regada à frescura, frágil. Foi por isso que Vampeta deu o apelido de “Bambi”. Mal gosto ou não, não é fobia ao homosexual. Não é essa pelo menos a intenção. 

Não fui claro, mas quem vai ao estádio sabe do que estou falando. O próprio são-paulino tem um apelido ofensivo para o corinthiano que seria homofóbico. Aliás, o que Sheik ouviu dos tricolores hoje, também seria homofóbico."

O Taves considerou o grito uma "babaquice", por ver os corinthianos mais preocupados em pegar no pé do rival do que apoiando o time, Eu entendi os motivos, ainda que ache que as duas coisas podem conviver. As torcidas mexicanas são prova disso - lá o xingamento ao goleiro no tiro de meta é mais que comum, é cultural quase.

Mas o ponto aqui é que o termo "bicha", usado em provocação aos são-paulinos, valem como o "porco" para os palmeirenses, os "gaivotas" para nós, "florminenses" para os tricolores do RJ... são termos depreciativos, sujeitos a múltiplas interpretações. Quem analisa como homofobia prefere ver o lado maldoso da provocação. Eu prefiro ver o lado saudável.

Isso aqui pode, né? Por favor ¬¬
Óbvio que existe homofobia no futebol, mas que se saiba identificar e diferenciar, para punir as pessoas certas, os reais criminosos. Pois não vi essa preocupação em tornar o futebol mais moralizado quando ouvi gritos de "assassino" depois do caso Kevin. Ou mesmo depois da queda do guindaste na Arena. Tampouco houve preocupação ou revolta por terem feito essa generalização.

Ou será que esse tipo de ódio não é condenável? Será que vale, por ser contra corinthiano?

Esse é um assunto bem espinhoso. Isso não dá pra negar. Mas ele fica mais espinhoso ainda se for tratado com tanto falso moralismo e hipocrisia.

Um comentário:

  1. Ótima analise. O foco está errado. O bom seria os bambis diminuirem a empáfia.

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