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sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Pós-jogo: Vasco 1x1 Corinthians - Hexa de muitos heróis

Corinthians, campeão incontestável do Brasileirão 2015
AVISO: Esse texto contém altas doses de clubismo. Se você não aguenta, não continue a leitura!

Quem olha a tabela do Campeonato Brasileiro, hoje, não tem outra reação a não ser reconhecer o óbvio: o Corinthians é o melhor time do Brasil atualmente, Ponto, simples assim. Afinal, são 12 pontos de vantagem sobre o vice-líder - e isso que o Atlético-MG faz campanha boa, que em outros anos lhe dariam facilmente a liderança... mas não agora. Não em 2015!

No entanto, pensar que o hexa foi fácil, só porque abrimos tanta vantagem na liderança, é errado. Talvez tenha sido o Brasileiro mais difícil de todos, e justamente por isso foi o mais bonito de se conquistar. Contraditório, né?

Deu orgulho ver o meu Corinthians passando por cima de todas as críticas, de todos os problemas, vencendo adversário por adversário - incluindo aí o mimimi do batalhão de antis que insistiam em ver manchas na campanha mais incontestável de um time na história do Brasileirão. Tudo isso foi vencido, de um jeito meio estranho a nós: sem dor, sem sofrimento. Com uma autoridade digna de quem é o maior, e sabe disso!

O 35º capítulo dessa história teve o enredo típico de uma "final": nervosismo, vontade de decidir a qualquer custo, e um estádio lotado que só deixou a partida mais bonita. Ajudou muito o fato de as bandeiras serem permitidas no Rio de Janeiro, fora de campo, e o fato de os jogadores do Vasco não comprarem o clima de guerra plantado pela sua torcida, dentro de campo. Foi um jogo franco, aberto, e bom de se ver - apesar das poucas chances criadas.

1º tempo: Vasco melhor, mas sem inspiração

Assim como na partida anterior, quando destroçou o Palmeiras (rs) em plena Allianz Arena, o Vasco não jogou como um time à beira do tri-rebaixamento. Tocou a bola, marcou bem um Corinthians apático além da conta, e aproveitou-se bem do cansaço de Gil, Elias e Renato Augusto - que foram titulares mesmo tendo jogado pelo Brasil há apenas dois dias. Esses sim, são "Guerreiros" (viu, Paolo?)


Renato Augusto foi titular contra o Vasco (Foto: Reprodução)
Aos 15, a primeira chance do Vasco: Rafael Silva se livrou da marcação e chutou fraco, mas Cássio defendeu com o corpo. Três minutos depois, Edilson errou na cobrança de falta e cedeu o contra-ataque: foi a vez da defesa salvar. Era hora de se acalmar e botar a bola no chão; era a hora de ser mais Corinthians!

Aos poucos, o time foi colocando a ansiedade de lado. Mas a primeira chance real do Timão só foi aparecer mesmo aos 32 minutos: Jadson cruzou bem, mas Elias não conseguiu aproveitar. Mas foi só mesmo, apesar de os minutos finais terem sido de superioridade corinthiana. O intervalo chegou, e a tensão só não era maior do que a confiança de que, 45 minutos mais tarde, o hexa chegaria. Será mesmo?

Só faltou combinar isso com o Galo: em SP, Luan marca o primeiro dos mineiros. O empate corinthiano não bastava mais - era necessário vencer! Mas como, se o jogo continuava tão igual?

2º tempo: tensão e redenção

Tite decidiu mudar, e foi isso que fez: Rodriguinho entrou no lugar de Renato Augusto, cansado. E como quem tem estrela parece influenciar até mesmo outros jogos, na mesma hora o empate do São Paulo acontece no Morumbi. O nosso empate voltava a bastar - mas só por três minutos, pois Dátolo acabava de fazer 2x1. O Corinthians voltava a ter que vencer.

Será que o Rodrigo fez falta? (Foto: Vasco Notícias)
Aos 16, ocorre o lance mais negativo do jogo: o zagueiro Rodrigo recebeu cartão vermelho após falta criminosa em Malcom. Agora eram 11 contra 10... era hora de partir pro ataque!

Os 10 minutos seguintes foram emocionantes, tanto em São Januário quanto no Morumbi. Cada lance mexia de um jeito com os nervos da torcida! Aos 19, Jadson cobra falta na barreira; aos 21 minutos, alívio: o São Paulo empatou! Em seguida, Rodriguinho quase marca!

Tite mexe de novo e coloca o time pra frente: sai Elias, entra Lucca. Não importava que o empate bastasse; o Corinthians queria vencer!

Mas como o hexa não podia ser tão fácil assim, aos 26, o improvável acontece: Julio César tabela com Nenê e recebe, livre, para marcar 1x0 para o Vasco. A essa altura. se o Galo marcasse em SP, o grito de campeão ficaria, mais uma rodada, preso na garganta da Fiel... e a diferença cairia de 11 para oito pontos, faltando nove para disputar. Um sofrimento bem desnecessário!

Foi aí que o talismã Lucca apareceu para trazer o jogo de volta à normalidade. Aos 30, chutou para fora. Aos 32, o cabeceio passou à esquerda, por cima do gol do Vasco. Aos 34, QUASE! Mas ele cabeceou muito pra baixo, e a bola subiu demais após pingar no campo.

Gol do título é a redenção para Love (Foto: O Globo)
Mas aos 36, o menino Lucca finalmente descobriu o caminho, quando resolveu servir ao invés de finalizar: na linha de fundo, recebeu o cruzamento de Edilson, mandando de cabeça para Vagner Love, também de cabeça, marcar o gol de empate corinthiano. O gol do título! 

Foi a redenção do atacante, que chegou para substituir ninguém menos que Guerrero, e foi muito criticado nos seus primeiros meses por perder gols demais - apesar de ser exemplar na marcação. Hoje, alguns meses depois, são nada menos que 13 gols marcados, e a vice-artilharia do campeonato dividida com Jadson. Que fim de ano... que volta por cima!

A essa altura, o São Paulo já fazia 4x2 no Atlético e o título já era certo. Aos 39, o jogo no Morumbi acabava, e com ela a dúvida: Corinthians hexacampeão! A comemoração começa na torcida e explode no banco corinthiano, mesmo faltando cerca de 10 minutos para o jogo acabar em São Januário. Mais uma vez, o choro de um jogador emocionou a todos - dessa vez foi Renato Augusto que não se conteve ao lembrar, provavelmente, de tudo o que passou para, hoje, ser considerado o craque do campeonato.

Sua emoção é a NOSSA emoção, Renato Augusto!

Fim de jogo, empate e título. O gramado é invadido, e a comemoração é intensa. Só nós sabemos o quando esse Corinthians trabalhou por esse título - um dos títulos mais democráticos que já conquistamos. Um dos mais planejados. Um dos mais merecidos!

Hexa de muitos heróis
Quem questiona o trabalho desse cara? (Foto: R7) 

Não é um título de um destaque, de um craque. É, sim, fruto de uma grande obra coletiva, iniciada em janeiro e ajustada em maio, após as duras eliminações no Paulista e Libertadores. É muito difícil imaginar essa reconstrução sendo feita por qualquer outro técnico, que não fosse Adenor Bacchi, o Tite.

Tão questionado pelo desempenho irregular do time em 2013 ele saiu do Corinthians, após liderar o clube na conquista de cinco títulos em 30 meses. Um ano depois, teve humildade para voltar após um ano de estudos, e voltou muito melhor - mas ainda servo de suas convicções e daquela coerência, velha conhecida, que o transformaram em unanimidade absoluta entre jogadores e torcida. É, provavelmente, o maior técnico da nossa história.

Só faltava um Brasileiro ao Cássio, a muralha que nos ajudou a conquistar a América e o Mundo em 2012.  Foi o coroamento de uma bela recuperação na temporada, após algumas falhas que ajudaram a encaminhar nossa eliminação para o Guarani. Seis meses depois, ele é um dos heróis do hexa, líder da melhor defesa do Brasil!

Comemoração 1/2 (Foto: Instagram do Corinthians)
Também é o título do reconhecimento a jogadores que muitos (inclusive eu) não faziam muita questão de ver no Corinthians. Felipe, Edilson, Fagner, Uendel, Guilherme Arana, Vagner Love... todos eles, em algum momento, tiveram a chance de provar seu valor, e se mostraram essenciais ao clube. Se não são ótimos jogadores, são eficientes na sua função - e é isso que importa, certo?

Um hexa que nos faz prestar tributo a dois atletas que estão há anos no Corinthians, e mais uma vez vão levantar um troféu: Danilo e Ralf. Nem sempre foram titulares, mas tiveram humildade o bastante para saber que é mais importante ser parte de um grupo vencedor do que titular em um time fracassado. Merecem todas nossas homenagens!

O que falar, então, dos jogadores que ganharam seu espaço e, cada um a seu modo, conseguiu ajudar o Timão nessa campanha? Bruno Henrique, Cristian, Edu Dracena, Lucca, LucianoMalcom, Rildo, Valter, Rodriguinho... todos vocês também foram fundamentais!
Comemoração 2/2! (Foto: Instagram do Corinthians)

Essa conquista coroa, ainda, a temporada perfeita desses que são a espinha dorsal do 4-1-4-1 de Tite: Gil, Elias, Jadson e Renato Augusto. Não é à toa que, desses quatro, três já estão na Seleção Brasileira - e muitos pedem que o Jadson também seja convocado.

Com eles em campo, o Corinthians é implacável no ataque e seguro na defesa. Qualquer jogo em casa é sinônimo de caldeirão, e fora de casa, prenúncio de sérios problemas para os mandantes. Não é à toa que o Corinthians perdeu apenas dois dos últimos 30 jogos no Brasileiro... muito disso, devemos a esses caras aí, e à regularidade fora do normal que eles demonstram em campo!

Hoje é dia de festa. Dia de olhar para trás e de ver tudo o que 2015 nos deu e tirou. E com isso, concluir uma coisa apenas: estamos saindo da temporada melhor do que entramos: com um time forte, um elenco unido, um técnico incontestável e uma torcida que foi Fiel em todos os momentos. Tanto trabalho bem-feito não podia resultar em outra coisa. Esse título não podia ter outro dono. Ninguém merecia mais esse título do que nós!

Que dia terrível pra ser um anti! Vai Corinthians!


FICHA TÉCNICA: VASCO 1X1 CORINTHIANS
Local: estádio de São Januário, no Rio de Janeiro (RJ)
Data e hora: 19 de novembro de 2015, quinta-feira às 22h (de Brasília)
Árbitro: Anderson Daronco (RS)
Assistentes: Alessandro Rocha de Matos (BA) e Fabiano da Silva Ramires (ES)
Cartões amarelos: Diguinho (Vasco); Jadson, Edílson e Lucca (Corinthians)
Cartão vermelho: Rodrigo (Vasco)
Gols: 1x0 (Julio César, 26' 1T); 1x1 (Vagner Love, 36' 2T)

VASCO: Martin Silva, Madson, Luan, Rodrigo e Julio César; Diguinho (Rafael Vaz), Serginho, Andrezinho e Nenê; Rafael Silva (Jorge Henrique) e Riascos (Eder Luis). Técnico: Jorginho
CORINTHIANS: Cássio; Edílson, Felipe, Gil e Guilherme Arana; Ralf (Bruno Henrique), Elias (Lucca), Jadson, Renato Augusto (Rodriguinho) e Malcom; Vagner Love. Técnico: Tite

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