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domingo, 24 de setembro de 2017

Que as polêmicas furadas do Majestoso não desviem o foco da nossa situação: precisamos debater o Corinthians

A derrota para o lanterna Atlético-GO foi apenas um dos vários resultados desastrosos do Corinthians nos últimos 40 dias (Foto: Uol)
É hora de voltar a falar do Corinthians. Faz pouco mais de um mês desde meu último texto, e naquela época tudo parecia muito bem: equipe líder, com apenas um tropeço grave (a derrota para o Vitória), e a caminho de um título brasileiro que parecia questão de tempo para muitos.

Só que de lá pra cá muita coisa mudou, ainda que nossa liderança não tenha sido ameaçada. Perdemos mais dois jogos, contra Atlético-GO e Santos. Os gols marcados se tornaram produto escasso. Caímos na Copa Sul-Americana após dois empates diante dos argentinos do Racing. E hoje, novamente tropeçamos contra um time da zona de rebaixamento, o São Paulo.

Como se não bastasse a fase não ser das melhores, o desenrolar do jogo nessa manhã ajudou bastante para que nós, corinthianos, discutíssemos de tudo um pouco nessa tarde de domingo: a pedrada no ônibus do Corinthians, ao chegar no Morumbi; o gesto obsceno de Gabriel ao comemorar nosso gol de empate; os lances polêmicos da partida, como o gol anulado do São Paulo; e por fim, o show de choradeira dos atletas adversários (capitaneados pelo seu treinador) ao comentar o resultado. E não seria nenhum problema debater todos esses lances, se isso não estivesse nos impedindo de debater o fundamental: nosso próprio time!

Nosso senso de corinthianismo nos obriga, naturalmente, a fazer defesas enfáticas e imediatas do time, especialmente porque é impossível se manter calado diante de declarações como as de Petros, que disse que seu time "deu uma aula de futebol no líder". Ou se Hernanes, que cravou que há "mãozinhas beneficiando o Corinthians". Isso sem falar no eternamente vitimista Dorival, que desde a época de Santos gosta de jogar na arbitragem a culpa pelos seus próprios fracassos. Apesar disso, nosso foco não deveria ser esse... afinal sempre haverá profissionais frustrados à procura de uma conspiração para chamar de sua. Nós, aqui, temos um time pra analisar. E precisamos realmente fazer isso.

Os números mostram que o Corinthians passou por uma oscilação em julho, quando empatou contra Atlético-PR e Avaí. Mas ultrapassou por isso, recuperando o bom futebol e vencendo quatro dos cinco jogos seguintes - sendo o último deles o 3x1 sobre o Sport. Então veio a pausa de 14 dias, no meio de agosto, e com ela a dúvida: o time voltaria melhor ou pior? Afinal, o time estava sofrendo com desfalques, muitos provocados por lesões, e era a chance de ter todo mundo 100% de novo.

A derrota de 19 de agosto para o Vitória, em plena Arena, foi um choque. Esperava-se que fosse apenas um outro acidente de percurso, tal qual o empate com o Atlético-PR. Mas então veio a vitória no Sul, contra a Chapecoense, graças a um gol fantasma de Jô nos acréscimos do segundo tempo. E então mais duas derrotas, uma delas imperdoável (contra o lanterna Atlético-GO) e outra inexplicável (devido à falta de vontade demonstrada contra o Santos). Depois disso, mais quatro jogos, nos quais o Corinthians acumulou três empates e apenas uma vitória. É, aquela com o gol de braço do Jô. Resumo da ópera: nos últimos 40 dias, o ainda líder do Brasileirão acumula oito jogos, dos quais venceu dois e perdeu três. Marcou apenas quatro gols, e sofreu seis. E caiu fora da Copa Sul-Americana.
Talvez eu esteja sendo previdente em excesso por ver esses números como desastrosos. Talvez eu devesse, realmente, olhar o copo meio cheio, como muitos me recomendam, e ponderar que instabilidades estão sendo a tônica desse campeonato, e que a única coisa fora do normal era a campanha invicta do primeiro turno (o que não é uma mentira). Mas eu não consigo ver essa queda de produção e simplesmente relevar, como se uma hora ela acabasse e o time voltasse a render. E me preocupo que a torcida, em grande parte, não pareça se preocupar tanto assim com o desempenho do time, preferindo continuar batendo na tecla da tal vantagem na liderança sobre o Grêmio. Afinal de contas, não é mais relevante o modo como o time se comporta em campo? A vontade passou a ser dispensável? O que importa de verdade, agora, é manter a vantagem pra poder dizer "segue o líder" e comemorar o hepta em dezembro?

Não sou o mais fanático dos corinthianos. Mas eu sou de uma época em que a torcida não era complacente com uma série tão grande de jogos ruins do time. Estamos falando aqui de duas vitórias em um mês e meio, com média de 0,5 gol marcado por jogo. Tudo isso sendo relevado porque o time acumulou uma vantagem na ponta, que só não se desfez totalmente graças ao abandono do Brasileirão promovido pelo único time capaz de nos fazer frente, o Grêmio. Me pergunto o que será necessário acontecer para que a torcida acorde desse transe. Teremos que perder a liderança?

Que São Jorge nos ajude e isso não seja necessário. O time não pode ter se esquecido de como joga. Minha esperança, pessoalmente, é que Carille encontre uma maneira de reinventar seu esquema, talvez fazendo Jadson esquentar o banco por um tempo. Precisamos urgentemente recuperar a eficiência do setor de criação, que claramente está destoando do resto da equipe. Isso já seria meio caminho andado para voltarmos a ser o líder seguro de antes, e não esse líder vacilante que depende de tropeços alheios para manter a vantagem.

Teremos uma sequência de seis jogos até o Derby contra o Palmeiras, sendo dois em casa e quatro fora. Não deixa de ser uma boa notícia, já que o estilo de jogo do Corinthians se encaixa melhor longe de Itaquera. Entre esses jogos, um é especialmente importante: contra o Grêmio, dia 18 de outubro, em São Paulo. Será a hora de vencer e mostrar porque merecemos esse troféu, mais que qualquer outro time!

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