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domingo, 21 de abril de 2013

Jogos no exterior: a torcida devia entender - e apoiar!


Não tinha opinião formada sobre essa ideia de levar a Recopa Sulamericana desse ano (Corinthians x 5PFC) para a China. Até pesquisar a respeito, para escrever esse post. Na verdade, fiquei bem surpreso com a informação, primeiro divulgada no Lance! e depois através do André Kfouri.

Os dois primeiros pensamentos que me vieram à cabeça foram:

1 - Pode ser bom, pois é a melhor chance que teremos de explorar o mercado do país do Zizao! Não era isso que a gente queria?

2 - Mas pode ser ruim, pois iríamos jogar um clássico contra o São Paulo, tão longe... em campo neutro... sei não.

Ou seja, já fica claro que trata-se de uma batalha entre o futebol e os negócios; entre a razão e a emoção; entre o torcedor que quer ver o time jogando ao seu lado e o que entende que atualmente, isso não é mais possível.

Mas ao acabar de escrever, fechei em uma opinião, e ela é enfática: SIM, eu quero a Recopa na China!

Quero pois são mais prós do que contras, e principalmente porque a ideia não é pioneira. Nem de longe!

Vamos conferir?

Itália: tradição em mandar a Supercopa ao exterior

A Supercopa da Itália foi criada em 1988 e é uma disputa entre o campeão da Série A Italiana e o campeão da Copa da Itália. Apenas cinco anos depois, já teve sua primeira edição fora do país de origem: a final de 1993 (Milan 1x0 Torino) foi decidida no RFK Stadium, em Nova York (EUA). Nove anos depois, em 2002, interesses políticos e econômicos levaram a copa para a Líbia, onde a Juventus (time para o qual torce Al-Saad Al-Kaddafi, filho do ex-ditador local Muammar Kaddafi) venceu o Parma por 2x1. 

No ano seguinte a competição voltou para os EUA, onde, no Giants Stadium (Nova York), a Juventus conquistou novamente a copa ao vencer o Milan nos pênaltis após empate por 1x1. Mas foi na China que a Supercopa encontrou sua "casa". Em 2009 a China recebeu a competição pela primeira vez; no dia do aniversário no estádio Ninho de Pássaro, estrela dos Jogos Olímpicos do ano anterior, 65 mil pessoas viram a Lazio vencer por 2x1 e conquistar a Supercopa (link).


O evento deve ter sido um sucesso, pois ainda em 2009 a liga italiana recebeu - e aceitou - uma oferta da China de US$ 15 milhões para sediar o torneio por mais três temporadas, e assim ocorreu em 2011 e 2012. Falta uma final, que deve ser esse ano.

Outros casos

Em 1986, a final da Supercopa da França (Bordeaux 1x0 PSG) foi disputada na ilha de Guadalupe, que fica no Caribe mas pertence à França. Somente 23 anos depois isso ocorreu novamente; e ainda assim, os interesses foram totalmente comerciais, culturais e políticos. Isso pois a final de 2009 (Bordeaux 2x0 Guingamp) foi disputada em Montreal, na parte francesa do Canadá.

A partir de então, nunca um "país-sede" se repetiu. Em 2010, a cidade de Túnis (Tunísia) viu o Olympique vencer o PSG nos pênaltis após empate por 0x0; em 2011, a nova vitória do Olympique (5x4 sobre o Lille) ocorreu em Tânger (Marrocos). E ano passado, a partida entre Lyon e Montpellier foi em Nova York, nos EUA. O Lyon venceu nos pênaltis após empate por 2x2.

Observa-se ao fundo duas bandeiras do Marrocos, durante a Supercopa de 2011 em Tânger
Na Turquia, as edições 2006, 2007 e 2008 da Supercopa foram disputadas na Alemanha. A escolha faz sentido devido à grande quantidade de imigrantes turcos que vivem nesse país. Havia sete anos que o torneio não era disputado.

Os três jogos levaram nada menos que 83500 torcedores aos estádios. Em 2006, ocorreu em Frankfurt, no Commerzbank Arena (casa do Eintracht Frankfurt). O título foi conquistado pelo Besiktas, após vitória por 1x0 contra o Galatasaray.

Em 2007, a sede mudou para Colônia. O jogo foi disputado no RheinEnergie Stadion, casa do 1. FC Köln, onde 38 mil pessoas viram o Fenerbahçe vencer o Besiktas por 2x1. 

Já em 2008, o jogo ocorreu no MSV Arena, estádio do Duisburg (time da cidade homônima), onde o Galatasaray venceu o Kayserispor por 2x1. A partir de 2009 as finais voltaram a ser na Turquia.

Imagem da Commersbank Arena após Besiktas 1x0 Galatasaray (2006)
Nem a Espanha escapou. Em junho do ano passado, a Federação Espanhola e a empresa United Vansen Internacional Sports anunciaram acordo para organizar cinco edições da Supercopa da Espanha em território chinês até 2019. O negócio teria sido fechado por aproximadamente € 30 milhões (algo entre R$ 70 milhões). A primeira vai ocorrer esse ano (confira link), provavelmente entre o Barcelona (virtual campeão da Liga BBVA) e o vencedor de Real Madrid e Atlético de Madrid (finalistas da Copa do Rei).

Em Portugal, duas edições da Supercopa tiveram as partidas-desempate disputadas no Parc dès Princes em Paris, na França. Em 1993/94 o Porto venceu o Benfica por 1x0, e em 1994/95 foi a vez do Sporting vencer por 3x0 o Porto e levar a taça.

Já na Alemanha, cogitou-se ano passado enviar a DFL-Supercup para a Ásia; houve conversas a respeito no segundo semestre, segundo reportagem da Placar (reproduzindo matéria do Bild - link), mas a ideia parece não ter prosperado até agora.
A especial relação entre Premier League e Ásia

O caso inglês é especial. O país foi o primeiro a se infiltrar no mercado asiático, e o pioneirismo acabou por tornar a Premier League um dos campeonatos mais populares no continente. Times como o Manchester United têm legiões de torcedores em países como a China.

Alguns jogos da Liga têm seus horários adaptados para permitir a transmissão na Ásia, e o esforço vale a pena: os direitos de transmissão são vendidos a preço de ouro: para a China, especula-se que o valor foi de € 1,5 bilhão (ou algo como R$ 3,4 bilhões); em 2011, a Skynet, maior emissora de TV de Mianmar, comprou os mesmos direitos por US$ 40 milhões (ou R$ 80 milhões). 

Outras estratégias são usadas pela FA para se firmar no continente - e fortalecer seus clubes. Desde 2003, por exemplo, a FA organiza junto com a Barclays (patrocinadora da Liga) um torneio amistoso de pré-temporada em solo asiático. Ocorre de dois em dois anos, e se chama Troféu Premier League Ásia. Três equipes são convidadas para disputar o torneio com uma equipe do país-sede.

Em seis edições (contando a desse ano, que será disputada em julho), o torneio já passou por Malásia, Tailândia, Hong Kong e China, e nada menos que 15 times tiveram / terão a oportunidade de disputá-lo - e desfrutar do marketing por ele gerado: Aston Villa, Birmingham, Blackburn, Bolton, Chelsea, Everton, Fulham, Hull City, Liverpool, Manchester City, Newcastle, Portsmouth, Sunderland, Tottenham e West Ham.

É amistoso, mas tem mais apelo comercial que muito campeonato oficial por aí...
Opinião

Quando clubes como o Real Madrid, Liverpool e Manchester United começaram a excursionar pelo continente asiático, muitos questionaram a ação. Alegavam que não se tratava de nada além de uma busca desenfreada por altas premiações. 

Mas a realidade é que esse clubes acabaram sendo pioneiros em usufruir de um fenômeno cuja existência ninguém nega: a globalização midiática do futebol.

Sem muito esforço, esses clubes iniciaram um ciclo mais do que virtuoso: viajam para a Ásia e conquistam o mercado de lá; então, vendem os direitos de seus campeonatos a peso de ouro, o que lhes permite contratar e manter por lá os melhores jogadores; então, conquistam títulos e voltam a excursionar, para delírio dos fãs que angariaram na viagem anterior. Manchester United e Real Madrid são símbolos disso. Hoje ambos os times são adorados no Extremo Oriente, especialmente em países como a China.

Não pode ser coincidência esses dois times ocuparem as duas primeiras posições no ranking 2013 da Forbes, dos times mais valiosos do mundo.

Esse é o mesmo ranking onde o Corinthians está na 16ª posição, à frente de times como o Napoli, Olympique e Hamburgo. Na reportagem sobre o Todo Poderoso, a Forbes dá a deixa do que o time deve fazer para continuar se valorizando:

"[...] A expansão internacional [do Real Madrid] teve um papel fundamental nisso [em torná-lo o time mais valioso do mundo], e o próximo grande passo do Corinthians deve ser esse."

Ou seja, que oportunidade melhor de se fazer isso do que na Recopa Sulamericana? Trata-se de um torneio INTERNACIONAL, disputado no MAIOR MERCADO CONSUMIDOR DA ÁSIA, que por coincidência é o PAÍS DE ORIGEM de Chen Zizao. É uma chance única de nossa maior aposta do Marketing render verdadeiros frutos!

Nós assistimos a pelo menos 30 partidas do Corinthians no Pacaembu TODO SANTO ANO. Não podemos MESMO abrir mão de pelo menos UMA em nome do crescimento internacional do Coringão?

Eu abro mão, fácil... e você?

VAI CORINTHIANS!

Fontes: UOL, Folha de São Paulo, Soccerlens, Marca

Um comentário:

  1. Boa, texto simplesmente perfeito. E concordo com tudo isso aí, temos que aproveitar além de tudo o fato de ser a terra do carismático Chen Zizhao, e de sermos os atuais campeões mundiais, para expandirmos o nome Corinthians, e receber os lucros disso

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