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quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

O Corinthians precisa de uma revolução, e cabe a nós exigi-la


Enquanto assistia à partida contra o Bragantino, fiquei me lembrando de tudo o que vem acontecendo nesses últimos dias. Estamos presenciando um clube sangrar por todos os lados: elenco, torcida, dirigentes. E não conseguimos definir um único culpado para isso.

Sequer conseguimos definir quando aconteceu o estopim para que, hoje, nos tornássemos oficialmente um dos possíveis rebaixáveis do Paulista... algo que não acontecia desde 2004 - e antes disso, talvez mais uma vez ou duas em toda nossa História.

Foi a ameaça de greve dos jogadores? Foi a invasão dos ~torcedores~ ao CT? Foi a goleada sofrida contra o Santos?

Foi o péssimo final de temporada, que causou a saída do Tite? Foi o caso Amarilla? O caso Kevin? Talvez a reformulação mal feita do elenco para o início desse mesmo 2013, quando Tite achou que os jogadores campeões do mundo conseguiriam se motivar para mais um ano de lutas?

Foi a eleição de Mario Gobbi? Foi tudo isso junto? Ou não foi nada disso?

A situação atual do Corinthians me lembra muito a do Brasil: temos um governo extremamente questionado, limitado burocraticamente, que sofre com funcionários que nem sempre dão seu melhor e exigem cada vez mais direitos, sem oferecer os devidos deveres. E que só poderia mudar de verdade se houvesse uma verdadeira revolução, tão necessária quanto utópica.

Mas nós sabemos que os problemas do Brasil são seculares. Já aqui no Corinthians, muitos achavam (e talvez ainda achem) que a gestão Andres Sanchez deixou o clube no rumo para se tornar um dos maiores do mundo. E de fato, parecia caminhar nessa via. A contratação de Pato, a R$ 40 milhões, sem recorrer a empréstimos exorbitantes nem a empresários, foi uma mostra de força econômica quase que inédita no futebol sulamericano.

Por isso, nem a sua saída, para a chegada de Mario Gobbi, fez com que o medo de que o Corinthians decaísse fosse maior do que a confiança de que o trabalho estava bem-feito e a evolução era certa. Essa confiança faz com que, hoje, eu não consiga entender como a situação se agravou tanto - e tão rápido.

Quando os primeiros sinais de que algo estava errado surgiram, pensávamos que estava relacionado a uma mera má fase do time. Me refiro ao instável início de ano, em 2013. Só que, com alguns lampejos de bom futebol, vencemos o bastante pra conquistar o Paulista e tivemos nossa vaga às quartas-de-final da Libertadores roubada por um juiz. Tudo isso criou o clima necessário para se achar que as coisas poderiam voltar ao lugar.

Então, o semestre virou, vencemos a Recopa sobre um São Paulo moribundo, e essa vitória abafou o mais importante: o time ainda não voltara a jogar como em 2012. E perdera Paulinho, sem fazer a correta reposição. A queda foi iminente: o time, que até junho conseguia se manter no G4, agora mal chegava ao 10º lugar. E os gritos de "fora Tite" começaram a ecoar mais fortemente. Especialmente depois do 4x0 contra a Portuguesa.

Posso enumerar aqui todos os posts onde, desde essa época, afirmava que, para mim, o problema daquele time era a falta de vontade. Que passava ao largo de qualquer questão tática. Hoje mesmo, já vi muitos dos que discordavam de mim admitindo que talvez isso fosse verdade, de fato. Mas enfim, é a vida.

Enquanto isso, o time parou de responder em campo. Pior ataque do segundo turno. Termina o Brasileiro a cinco pontos do rebaixamento. A torcida se revolta. E a diretoria promete uma reformulação.

Que começou com a troca de técnico e acabou bem aí. Todo o elenco foi devidamente blindado de qualquer crítica ou responsabilização pelos resultados que ele mesmo construiu em campo.

Assim, 2014 começou com muitas esperanças, que se renovaram com as duas vitórias no Paulista. E então, vem a derrota para o São Bernardo, que ainda podia ser justificada com as mudanças feitas pelo Mano no time titular - e pela competência defensiva do adversário, claro. Mas já era um sinal amarelo.

Então, o injustificável: a goleada para o Santos. E a partir desse dia, as coisas só pioraram, e seguem piorando em tempo real.

O questionamento tático virou problema técnico, que se transformou em crise política, institucional. E hoje é, nada mais, nada menos, que a mais grave crise institucional que eu presenciei no Corinthians desde que fui escolhido para torcer - e viver - por esse time.

Trata-se de uma crise tão grave que tudo se tornou detalhe de uma trágica cena geral: a completa falta de vontade dos jogadores, por aparentemente terem desistido de jogar bola no Corinthians; a vergonhosa apatia e falta de autoridade dos dirigentes, frente a seus atletas e a tudo que está ocorrendo; a infidelidade dos torcedores, desde os que invadiram o CT, passando pelos que abandonaram o time no momento mais importante (10 mil no Pacaembu???), chegando aos que querem implementar a democracia do medo no Corinthians, que tanto dizem amar.

Democracia do medo, que dilapidará o patrimônio do clube, fazendo na marra o que a diretoria deveria ter feito através de negociações: reformulando e revitalizando o elenco. Ibson, Douglas e Pato (por empréstimo) já foram. Danilo e Emerson devem ir, não duvido. E quem mais eles elegerem como "culpados". Quanto dinheiro o Corinthians irá perder nessa relação de terror com seus "fiéis"?

Os próximos dias prometem ser de uma tensão tal, que temo pela integridade de muita gente. Não sei o que os bandidos infiltrados nas organizadas são capazes de fazer. Fosse eu jogador ou dirigente, me preocuparia MUITO a cada vez que fosse sair de casa. E temeria pela minha família. O que é tão inaceitável que quase me faz concordar com a greve dos atletas, outra atitude extremada e que só vai gerar reações mais negativas ainda.

Tantas coisas erradas não se corrigem com um ou ato administrativo, ou uma mudança na postura tática do time, nem "cortando o diálogo" com as organizadas - aquelas que tentaram proibir o torcedor comum de gritar o nome do Corinthians, no jogo de hoje. É muita coisa errada, e a mudança passa por gestos de muita coragem e altivez. Algo que as pessoas que hoje estão no poder não parecem ter!

Por isso mesmo, acredito fortemente que a primeira mudança deveria ocorrer no topo dessa cadeia: a renúncia da cúpula de futebol do Corinthians, incluindo o presidente Mario Gobbi. Que se antecipem as eleições para o mais cedo possível, e que uma nova diretoria, com novos anseios e compromissos, seja empossada.

Em seguida, ou em paralelo a isso, a completa e verdadeira desvinculação das organizadas com o clube, pelo menos provisoriamente. Proibição de qualquer traje ou bandeira alusiva a essas torcidas dentro dos estádios onde o time jogar. Proibição de uso do escudo e da marca Corinthians pelas mesmas. Proibição do direito de frequentarem CT e sede social. Fim de todos os privilégios que ainda existem. Até que todas elas tomem providências para retirar de seus quadros todos os que promovem ações criminosas contra o clube e contra outros torcedores, até mesmo os rivais.

E ainda: a negociação ou dispensa imediata de todos os jogadores que cujo rendimento despencou desde 2013: Danilo, Romarinho, Emerson, Fábio Santos, Paulo André. Que se promova mais jogadores do time sub-20 para integrar o elenco, para rejuvenescer a equipe e oferecer a ela o que o atual elenco não tem: um novo horizonte. Se esse elenco ainda seria comandado pelo Mano, é algo a se discutir. Por mim, o Tite jamais teria saído. Mas prefiro deixar essa decisão para vocês opinarem.

Com mudanças tão radicais, é líquido e certo que 2014 seria um ano difícil. Talvez 2015 também fosse. Mas o legado compensaria... depois disso, talvez (TALVEZ) possamos voltar a bater no peito pra dizer que torcemos por um time que é honesto na relação com a torcida., totalmente dedicado dentro de campo e profissional fora dele?

Nada se conquista sem trabalho duro. O Corinthians precisa cortar a própria carne pra voltar a respirar.

Precisamos exigir que tudo mude no Parque São Jorge; precisamos exigir uma revolução. Pois o preço da nossa omissão é alto demais para se pagar.


Um comentário:

  1. Pois é Daniel, eu tenho as mesmas opiniões q vc sobre a reformulação administrativa q o Timão precisa passar. Só q na minha opinião, o Tite sim deveria sair, pois ele ainda tinha um vínculo muito forte com os jogadores campeões mundiais que tiveram uma nítida queda de rendimento em 2013, e ele já não estava mais conseguindo ter autoridade sobre esses jogadores, que não correspondiam dentro de campo os esquemas táticos criados por ele.
    Mas acompanhado à troca de técnico, a diretoria deveria trazer vários reforços, mandar embora logo de cara os jogadores que não davam os resultados esperados, e principalmente: criar um projeto de reestruturação do time, algo que não ocorreu desde que o Mano chegou.
    A diretoria do sr. Mario Gobbi só utilizou a chegada do Mano para tapar o sol com a peneira, e blindou os jogadores da culpa da falta de responsabilidade dentro e fora de campo, e não chamou a atenção do Paulo André sobre o Bom Senso FC, q estava ameaçando greve e que resultou nessas últimas partidas na visível e proposital falta de vontade de jogar.

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